sábado, 11 de junho de 2011

IMPRENSA: OS "DEFENSORES" DA DEMOCRACIA

Sempre que se cogita debater o papel e a atuação da imprensa no Brasil, a mesma reage com truculência e trata de convencer seu público que a democracia está a perigo.

No jargão grotesco dos meios de comunicação imprensa = liberdade, ou imprensa = democracia, de tal maneira que qualquer proposta de discussão é imediatamente rotulada como medida autoritária e um perigo que aponta para o retorno da ditadura.

Não comentam, por exemplo, que, medidas de controle social da imprensa são rotina em países como Estados Unidos e França, cá pra nós, de tradição democrática bem maior do que a nossa.

Na verdade é uma jogada ensaiada dos senhores do quarto poder.

Eles não querem que a sociedade civil tenha qualquer poder de análise sobre o que se publica e o que se vende ao consumidor de notícias e de comentários.

Por falar nisso, esses senhores da imprensa são tão arrogantes em suas prerrogativas que chegaram a criar o termo “formadores de opinião” para definir seu trabalho.

Já que eles adotaram a simbiose imprensa/democracia, quem sabe a gente recorda como essa imprensa, democrática, defensora da liberdade, agiu durante o golpe militar?

Abaixo vocês terão alguns textos desses órgãos de comunicação a partir de pesquisa da jornalista Cristiane Costa, publicada no seu Blog BrHistória.

Não se surpreenda. Cinismo não tem limites.

Obs. Desaconselhável para quem tem estômago frágil:
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Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem.
(O Globo - Rio de Janeiro - 4 de Abril de 1964)

Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais
(O Globo - Rio de Janeiro - 2 de abril de 1964)

Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas.
(Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - 2 de abril de 1964)


A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil
(Editorial de O Povo - Fortaleza - 3 de abril de 1964)

Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade... A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas.
(Editorial do Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - 1º de abril de 1964)

Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República... O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve.
(Correio Braziliense - Brasília - 16 de abril de 1964)

[...] um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social - realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama [...].
(Editorial da Folha de S.Paulo - 22 de setembro de 1971)

Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada.
(Jornal do Brasil, edição de 1 de abril de 1964.)

Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada.
(Editorial do jornalista Roberto Marinho, publicado no jornal O Globo, edição de 7 de outubro de 1984, sob o título: "Julgamento da Revolução").

Mais algumas manchetes:

1°/04/64 - Correio da Manhã (do editorial, "Fora!"): Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!

02/04/64 - O Globo: Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada... atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.

05/04/64 - O Globo: A Revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista.

05/04/64 - O Estado de Minas: Feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos. Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam as vozes da corrupção e da traição à pátria.


Essa é a mesma imprensa que diz defender a democracia. Os mesmos personagens que afirmam representar a liberdade!

Menos mal que apesar de manipular as pessoas menos informadas e “formarem opinião” com sua retórica, eles são incapazes de calar a história.

Prof. Péricles

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