sábado, 16 de julho de 2011

A SILENCIOSA LUTA DOS ESTUDANTES DA PUC-RS

No dia 28 de março de 1968, alegando reclamar da qualidade do Restaurante Universitário, apelidado de Calabouço, estudantes fizeram uma manifestação no centro do Rio de Janeiro, que na verdade, tinha a Ditadura Militar como alvo.

Os órgãos de segurança, incluindo forças do exército, reagiram com a sutileza das bestas, com tiros disparados em várias direções. O estudante potiguar Edson Luiz de Lima Souto, recém chegado para fazer o curso de medicina, foi mortalmente alvejado, tornando-se, um mártir do movimento estudantil.

No dia seguinte, um gigantesco cortejo para o enterro, reunindo cerca de 50.000 pessoas. No dia 1o de abril, os estudantes, com paus e pedras nas mãos, obrigaram cerca de 1.500 policiais, com cassetes e bombas de gás lacrimogêneo, a recuarem, tamanha era a sua disposição. O conflito só terminou quando o Exército ocupou as ruas e matou mais um estudante: Davi de Souza Neiva.

No dia 5 de abril, ao final da missa de sétimo dia, na Igreja da Candelária, a cavalaria da PM espancou os participantes, com golpes de sabre e só não houve um massacre em função dos religiosos, que tendo à frente o vigário-geral do Rio de Janeiro, D. José de Castro Pinto, ficaram entre os estudantes e a cavalaria com seus crucifixos levantados, num ato de extrema coragem.

Inúmeros foram os heróis brasileiros formatados pelo movimento estudantil brasileiro, e muitos são os capítulos que podem ser escritos narrando suas lutas, heroísmo, amarguras e vitórias.

Atualmente, muitos se perguntam por onde andará a mística garra do estudante brasileiro. O que aconteceu com sua coragem e politização. Por onde anda a falecida UNE.

Alguns apontam para um desânimo crônico de seu movimento e uma enorme desesperança entre suas militâncias. Há também, os que afirmam que o movimento estudantil se despolitizou a partir da crescente privatização e mercantilização do ensino.

Não é nossa intenção entrar no mérito ou aprofundar o debate, nesse texto.

Entretanto, cabe valorizar todos os pequenos gestos de rebeldia contra a ordem constituída se essa ordem for entendida como ilegítima. Cada ação que se proponha libertária, democrática e participativa dos estudantes brasileiros deve ser acalantada como o despertar da letargia.

Talvez liberdade seja isso: despertares, assim mesmo, no plural.

Dessa forma, é com muito interesse que o povo gaúcho deve acompanhar a luta de estudantes da PUC-RS contra o que alegam ser autoritarismo, continuísmo de cartas marcadas e prepotência dos arranjos políticos que mantém o DCE daquela entidade viciado pelas mesmas forças dirigentes de sempre.

Não precisamos chorar velhas perdas doloridas como Edson Luiz e Davi Neiva, mas recordá-las como pedras que pavimentam a estrada de lutas que ainda estão muito longe de terminar.

O chamado para esses caminhos que levam à democracia, às vezes nos cobram atalhos estranhos, como a péssima qualidade da comida de um RU, ou a pseudo-arrogância de um DCE.

Um comentário:

RG disse...

É a plena verdade que seja por comodismo e aceitação dos fatos atuais que não há mais luta para manter nossos direitos estudantis, não sou aluno da puc mas de uma outra universidade a Ulbra que passa por problemas, mas acredito que a garra pela mudança ficou acomodada na segurança de nossas casas no conforto de nossos carros onde fecha-se o vidro e não se escuta o pesar de uma sociedade doente, sim lutar é preciso mas com o estigma de que tudo esta ao alcance dos tolos nada será feito, estamos limitados muitas vezes por uma sociedade capitalista ao extremo e vinculações na mídia sem qualquer fundamento, sim estamos alienados por uma sociedade cômoda e cega que só olha para seu umbigo onde dinheiro é o principal mesmo que passe por cima de nossos princípios, nos falta garra de lutar, não queremos guerra mas sim a oportunidade de viver em igualdade e harmonia com o mínimo de cultura e respeito, acompanho o caso Puc e apoio plenamente o DCE rouba de todas as formas não fazendo seu papel de representar a massa estudantil perante a reitoria.
Prof Pericle muito boa sua aula, para os curiosos como eu a história é instigante.
Aluno: Rihan Gart. escola vigor turma brigada militar abs.