quarta-feira, 10 de agosto de 2011

CRISES E RADICALISMOS

Quando a Europa do pós-I guerra mundial se percebeu em ruínas, a fome bateu à sua porta. E quando a essas ruínas se adicionaram os efeitos da grande depressão iniciada com a crise da Bolsa de Nova York, à fome se juntou o desespero.

Navegando no vácuo das esperanças o radicalismo cresceu. Situações desesperadas permitem surgir idéias radicais, assim como o afogado que se agarra a qualquer coisa como tábua de salvação.

Quando o Fascismo deu suas caras na Itália e o Nazismo, pouco depois, ascendeu na Alemanha, poucos perceberam a materialidade da ameaça que surgia.

Homens como Mussolini e Adolf Hitler não foram levados a sério por muitos.

O genial Charles Chaplin confessaria anos depois da guerra que, quando um amigo alemão lhe enviou uma foto de Hitler discursando em praça pública, com os olhos esbugalhados, e batendo furiosamente com as mãos no próprio peito, ele simplesmente achou graça, observou apenas o bigodinho estúpido, e guardou a foto numa gaveta qualquer. Tempos depois, revendo a mesma foto, ele não entendia como não havia percebido o que aquele olhar esbugalhado podia significar

A falta de dinheiro trás discussões e incômodos inúteis aos lares assim como a crise financeira trás Hitleres e Mussolines aos governos.

A Europa atual apresenta, novamente, um panorama econômico de gravidade que ameaça sair do controle de seus falascianos sistemas financeiros, impulsionados a todo vapor pela crise na maior economia global, a dos Estados Unidos.

A Grécia literalmente faliu ano passado. A Irlanda e até mesmo Espanha e Itália, ameaçam seguir o mesmo rumo.

O Euro se equilibra na corda bamba enquanto o desemprego crescente bate à porta da comunidade européia.

E “coincidentemente” velhos e conhecidos personagens estão de volta.

A discriminação que já destilou ódio aos judeus, ciganos, eslavos, negros, homossexuais entre outros, já desfila por países como Portugal, Inglaterra, Áustria...

A xenofobia, revigorada, agora se volta aos imigrantes, em especial, aos muçulmanos.

A cabeça raspada substitui a suástica, mas a receita é a mesma...violência.

Bananas são jogadas aos gramados acompanhando sons que imitam macacos, agredindo jogadores de futebol negros e até um brasileiro já foi morto na estação do metro de Londres por ser “parecido” com o tipo árabe.

A história tem, como objetivo maior impedir que se repitam erros do passado.

Por isso, é importante que nós não achemos graça de piadinhas aparentemente inocentes de cunho racista, homofóbico ou xenófobo.

Foi com piadinhas sobre inocentes bigodes que eles, os senhores do ódio, chegaram lá.

Que não cheguem novamente. Que não se permita outra vez que o radicalismo do desespero crie novos pesadelos mundiais.

Prof. Péricles

Nenhum comentário: