sábado, 3 de dezembro de 2011

ANARQUISTAS E SOCIALISTAS

Os anarquistas buscam eliminar as distâncias entre os seres humanos criando um companheirismo maior que o individualismo. O gigantismo do Estado afasta as criaturas. Dessa forma, ao contrário do que muitos afirmam, os anarquistas não querem o fim da sociedade, mas, ao contrário, querem estreitar os laços sociais.
A idéia principal é, basicamente, reverter a ordem do poder que se apresenta acachapante do Estado sobre o indivíduo, para o indivíduo acima do Estado.

Diferentemente dos Marxistas, os Anarquistas jamais pregaram qualquer tipo de governo sobre o cidadão, como a ditadura do proletariado.

Enquanto Marx é citado como o antecessor do comunismo, Proudhon e Bakunin se tornariam os fundadores do anarquismo.

Sobre Karl Marx, sociólogo, historiador e pensador do chamado socialismo científico, nos diz Bakunin:

“Marx e eu éramos amigos naquela época. Nos víamos com freqüência, pois o respeitava por sua sabedoria e devoção séria e apaixonada, ainda que com uma certa vaidade pessoal, à causa do proletariado, e o procurava por sua conversa sempre inteligente e instrutiva. Mas não havia intimidade entre nós. Nossos temperamentos não se adaptavam. Ele me chamava de idealista sentimental, e estava certo. Eu o chamava de vaidoso, traiçoeiro e ardiloso, e eu também estava certo!”

Enquanto o pensamento marxista via nas revoluções contemporâneas (Inglesas e francesa) apenas conquistas burguesas sem avançar em direção a uma sociedade justa, devendo essa ser conquistada por uma revolução do proletariado, Bakunin ou Proudhon consideraram a possibilidade de que tal revolução do proletariado apenas trocasse uma elite por outra. Para eles uma revolução que não se desfaz da autoridade criará sempre um poder mais penetrante e mais duradouro do que aquele a que substitui.

Marx reconhecia o que significava o poder, mas acreditava que era possível criar uma nova forma de poder, o poder do proletariado, através do partido, que ao fim se dissolveria e produziria uma sociedade anarquista ideal, a que ele acreditava ser o objetivo final do esforço humano, enquanto que a dupla de anarquistas profetizava que a organização política marxista se tornaria uma rígida oligarquia de funcionários e tecnocratas.

Proudhon foi preso em 1849 por suas críticas a Luís Napoleão (sobrinho de Napoleão e que se tornaria imperador com o título de Napoleão III). Passou o resto de sua vida na prisão ou no exílio. Morreu em 1865 sustentando que os partidos políticos eram operados por membros de uma elite social e que os trabalhadores só controlariam seus próprios destinos quando criassem e controlassem suas próprias organizações para mudar a sociedade. Seus seguidores formaram um movimento denominado mutualista que queriam atingir seus resultados pacificamente, através da cooperação entre produtores.


O conflito entre Marx e Bakunin não apenas refletiu diferenças de temperamento entre os protagonistas, mas também diferenças fundamentais de idéias, ou seja, de finalidades entre socialistas autoritários e anarquistas libertários.

O debate transformou-se em conflito, e em 1872 os marxistas expulsaram Bakunin.

As idéias marxistas, adaptadas por Lênin, chegaram ao poder com a revolução bolchevique na Rússia, em 1917.

O movimento anarquista sobreviveu como uma ideologia e não como organização.

(adaptado do texto de George Woodcock)

2 comentários:

Julia Rocha disse...

Gostei muito desse texto também, sobre essa relação de Bakunin com Marx eu li bem simplificadamente no livro Bakunin textos anarquistas da coleção L&pm Pocket além de vários outros textos contando a trajetória política de Bakunin , muito interessante ti emprestarei o livro você vai gostar! .Beijos Júlia

Centro Acadêmico Santo Tomás de Aquino disse...

Ditadura da burguesia ou proletariado ainda é uma ditadura. Afinal ‎"Na medida em que buscam o poder, TODOS os partidos - sem exceção - são variantes do absolutismo" Proudhon

Sejamos livre, libertos de qualquer amarra ou sistema.