quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

MAZDA X ARIMÃ


A história dos persas como civilização, inicia-se realmente quando Ciro, o grande, líder dos Persas, derrota seus vizinhos, primos e eternos rivais, os Medas ou Medos. Isso ocorreu no século VII a.C.

Após a vitória, Ciro não esmagou o adversário vencido, como era de se esperar, mas ofereceu a este, um plano de fartura. Ciro pretendia a união dos dois povos, persas e medas, formando um só povo, sob seu comando.

A maioria dos Medos aceitou a proposta de bom grado. Uma parcela, que não aceitou, foi então, convidada por Ciro a migrar em busca de outros ares, e essa, aliás, é a origem de um importante povo da atualidade sem pátria, os Curdos.

Inteligente, hábil, único não hebreu nomeado como “enviado de Deus” no antigo testamento (ele libertou os hebreus escravizados na Babilônia e os levou de volta à Palestina), Ciro deu origem ao que poderíamos chamar de o primeiro
Império da antiguidade, onde os inimigos derrotados em guerras expansionistas não eram massacrados (e suas edificações destruídas), mas mantidos relativamente livres, na condição de Província (Satrápias), acessa ao imperador dos Persas.

Claro que, além da união política proposta, estava também a obrigatoriedade de pagar tributos anuais ao governo de Persépolis (capital do Império), e para isso eram designados sátrapas, fiscais do governo central (olhos e ouvidos do rei) para impedir sonegações e prever rebeliões.

Os imperadores persas esmeraram-se na construção de estradas que unissem as diferentes Satrápias à capital do Império e entre si. Criaram também, o primeiro serviço regular de correios do mundo.

Esse povo conhece também, uma interessante religião estruturada por seu profeta-mor Zaratrusta ou Zoroastro. Nessa religião existiam dois deuses: Mazda (deus do bem, da luz e da ordem) e Arimã (deus do mal, das trevas, do caos).
Esses deuses estavam em eterna luta pelo controle do universo, e os homens, que após a morte seriam julgados e levados para o reino divino em que mais estivessem identificados, com suas ações determinavam qual deles era preponderante.

O primeiro grande império da humanidade teve duração, relativamente curta. Após conquistarem o oriente próximo, os reinos da mesopotâmia e o Egito, ao norte da África, seus interesses comerciais os levaram a cobiçar o porto de Atenas que dominava as rotas do Mar Egeu e à guerra contra os gregos (Guerras Médicas), em que foram vencidos, em duas campanhas.

A partir das derrotas nas Guerras Médicas (vem de Medas, como os persas eram chamados pelos gregos) o império entrou em decadência e acabaria sendo totalmente conquistado por Alexandre, o grande, na formação de outro império meteórico, o Império Macedônico, no século IV a.C..

O Irã é, e está, onde se originou a Pérsia. Até 1933 o nome oficial do país era Pérsia.

O povo iraniano, incorretamente identificado até pela mídia como árabe, é, portanto, persa e não árabe. A chegada do islamismo à região ocorreu no século VII da nossa era, durante o Jihad muçulmano, a expansão da fé após a morte de Maomé.

Até 1979 foi governado por um monarca denominado de Xá (o último foi o Xá Rezza Pahlev) e muito próximo do ocidente.
Nesse ano de 1979 ocorreu a chamada “Revolução Xiita” do Aiatolá Komeine, que do seu exílio, em Paris, comandou a revolta liderada por estudantes que derrubou o governo do Xá.

Desde então o país adotou os preceitos de um governo fundamentalista cuja autoridade máxima é exercida por um Conselho de Aiatolás (autoridade religiosa máxima entre os xiitas) e o Corão fundamenta a Constituição.

O governo iraniano é acusado de violentar direitos humanos reconhecidos internacionalmente, apedrejar mulheres consideradas infiéis e intolerância contra os homossexuais.

O Presidente Ahmedinejah, por sua vez, faz aumentar a polêmica, com declarações nada amenas. Em discurso na ONU teria afirmado que o Holocausto judeu na Segunda Guerra Mundial não existiu e foi forjado pela propaganda sionista. Em outra oportunidade afirmou que no Irã não existem homossexuais, já que o país não os admite, entre outras afirmações.

Atualmente o Irã (ou Pérsia) está no centro de grande polêmica internacional que ameaça degringolar para uma guerra de efeitos imprevisíveis.

Possui um programa nuclear voltado, segundo seus governantes, para objetivos pacíficos.

Acusado por Israel e Estados Unidos de que seu programa busca construir armas nucleares e atacar Israel o governo de Ahmedinejah rebate e afirma que só louco atacaria Israel com armamento nuclear já que Israel possui, não uma, mas centenas de armas nucleares.

Apesar de não ter condições bélicas de derrotar as forças norte-americanas e israelenses, o Irã possui reconhecida capacidade de atacar o estado judeu, bloquear o Estreito de Ormuz por algum tempo e de exportar a guerra a toda a região do Oriente Médio.

Dias aflitivos vivem os que torcem pela paz Aflição que, infelizmente, os Estados Unidos pré-eleitoral e Israel do Likud, parecem não ter interesse em extinguir.

Observando-se o cenário atual parece que o velho Zaratrusta diria que Arimã está derrotando Mazda, de goleada.

Prof. Péricles

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