quinta-feira, 1 de março de 2012

O NAZISMO NO PODER

Na gelada manhã de 30 de janeiro de 1933 (79 anos) chegaria ao fim a tragédia da República de Weimar, a tragédia de 14 frustrados anos em que os alemães buscaram infrutiferamente pôr em funcionamento uma democracia.

Mais ou menos às 10h30, os membros do ministério proposto em negociações entre nazistas e reacionários da velha escola, mais forças conservadoras e de centro, parcelas sociais-democratas, além dos grandes empresários, atravessam o jardim do palácio e se apresentam no gabinete presidencial.

O presidente da República, o velho marechal Paul Von Hindenburg, 86 anos, confia a chancelaria a Adolf Hitler, 43 anos, ‘führer’ do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NationalsozialistischeDeutsche Arbeiterpartei- NSDAP), mais conhecido como Partido Nazista, e o encarrega de formar o novo governo.

A nomeação surpreendente de Hitler seguiu-se às tratativas entre os dirigentes conservadores, notadamente o ex-chanceler Franz von Papen, e os simpatizantes nazistas, representados pelo doutor Hjalmar Schacht, um reputado economista, responsável pelo reordenamento espetacular da economia alemã após a crise monetária de vertiginosa inflação de 1923, o «ano desumano».

Os conservadores e o grande empresariado queriam se servir de Hitler para deter a ameaça comunista. Não acreditavam que os nazistas representassem um perigo real para a democracia alemã. No entanto, eles sabiam bem quem era Hitler e sua ideologia, desde a publicação do Mein Kampf, a ‘Bíblia nazista’, oito anos antes.

O Partido Nazi estava perdendo velocidade eleitoral. No pleito de julho de 1932 haviam conquistado 230 cadeiras no Reichstag de um total de 608 e 37,3 % dos votos populares. Já nas eleições legislativas de novembro do mesmo ano obtiveram 33,1% dos sufrágios, perdendo 2 milhões de votos e 34 lugares no Parlamento. Os comunistas ganharam 750 mil votos e os sociais-democratas perderam a mesma quantidade. Com esse resultado os comunistas passaram de 89 para 100 cadeiras e os socialistas caíram de 133 para 121 deputados. Os dois somados – 221 – superavam largamente as 196 cadeiras nazistas. A perda de 2 milhões de votos nazistas sobre um total de 17 milhões, em quatro meses, significava um duro revés.

O governo formado por Hitler foi aberto amplamente aos representantes da direita clássica. Não contava com mais do que três nazistas, Hitler entre eles. Von Papen é, ele próprio, o vice-chanceler.

Por falta da maioria absoluta no Reichstag, Hitler parecia longe de poder governar a seu talante. Ninguém, a não ser os nazistas, levava a sério os discursos antissemitas e racistas. Muitos alemães pensavam, ao contrário, que ele poderia recuperar o país atormentado pela crise econômica.

Com uma rapídez fulminante e por meios totalmente ilegais, vai consolidar a ditadura a despeito da fraca representação de seu partido no governo e no Reichstag.

No dia seguinte a sua investidura na chancelaria, Hitler dissolve o Reichstag e prepara novas eleições para 5 de março de 1933. Ao mesmo tempo, traça aquilo que seu chefe de propaganda, Josef Goebbels, chamava de «as grandes linhas da luta armada contra o terror vermelho».

As tropas de assalto de seu partido, as SA (Sturmabteilung) aterrorizam a oposição, à guisa de campanha eleitoral. Cometem pelo menos 51 assassinatos.

Um dos principais acólitos de Hitler, Hermann Goering, ocupando o cargo chave de Ministro do Interior da Prússia, manipula a polícia, demite funcionários hostis, coloca os nazistas nos postos essenciais.

Hitler faz rondar o «espectro da revolução bolchevique», mas como esta tarda a eclodir, decide inventá-la. Já em 24 de fevereiro, uma batida na sede do Partido Comunista permite a Goering anunciar a apreensão de documentos prenunciando a revolução. Esses documentos jamais foram publicados.

Como toda essa agitação não parecia bastar para reunir a maioria dos sufrágios aos nazistas, decidem, logo em seguida, em 27 de fevereiro, pôr fogo no Reichstag, lançando a culpa aos comunistas do Comintern.

As classes conservadoras julgavam ter encontrado o homem que as ajudaria a alcançar suas metas : erguer uma Alemanha autoritária que pusesse termo à « insensatez democrática » ; esmagasse os comunistas e o poder dos sindicatos ; arrancasse as algemas de Versalhes; reconstruísse um grande exército; reconquistasse para o país o seu lugar ao sol.





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