domingo, 4 de março de 2012

A VOZ DO DESERTO

Era uma vez, um comerciante árabe chamado Muhammad Bin Abdullah Bin Abdul Mutalib Bin Hachim Bin Abd Manaf Bin Kussay, que, cansado após longo caminho percorrido sob o sol do deserto, entrou numa caverna fresca e convidativa, e nela adormeceu.

Seu sono tranqüilo foi interrompido por uma voz que o despertou repentinamente.
Olhos arregalados o mercador viu surgir em sua frente um anjo, que se identificou como Arcanjo Gabriel (lembram dele? Aquele que avisou Maria que ela seria mãe).

O Arcanjo disse que a partir daquele dia, ele, o mercador, receberia instruções vindas de Deus, que deveriam ser recitadas para o conhecimento dos homens.

Isso aconteceu em 610, quando o homem tinha 40 anos, e ele, até morrer, em 632, jamais deixaria de recitar (sim, recitar como quem recita um poema) em estado alterado de consciência, lições recebidas diretamente de Deus, segundo a crença.

Suas palavras, em transe, foram copiadas em folhas de palmeira, pedras, ossos, e finalmente copiladas pelo califa Omã no ano 644.

Essa compilação tornou-se o livro sagrado e é chamado de Corão (em árabe “a Recitação”) e reúne leis e mandamentos da religião Islâmica ou muçulmana, seguidos hoje em dia, por mais de 1,3 bilhão de pessoas.

O comerciante de nome comprido acabou sendo conhecido pelo ocidente como Muhammad, depois por, Maomé.

Só há um Deus, e Maomé é seu Profeta (La illa Allah, Mohammed rasul Allah)

Muhammad casou aos 25 anos com uma rica viúva de nome Kadija. Com 39, ele mesmo ficou viúvo. Um ano depois veio a caverna e a revelação.

A religião de Maomé foi o mais importante e significativo fato histórico de seu povo.
A crença em um único Deus (Alá) unificou sua gente antes pulverizada em várias tribos e religiões tão politeístas quanto regionais.

As principais obrigações do fiel são: acreditar em Alá como único Deus e em Maomé seu profeta; rezar cinco vezes por dia, sempre voltado para Meca; jejuar durante o dia no mês sagrado dos muçulmanos, o Ramadã (o nosso outubro/novembro); dar esmola aos pobres; fazer uma peregrinação à cidade de Meca ao menos uma vez na vida se tiver condições materiais, mas em suas suratas (capítulos), o Corão determina boa parte do dia a dia do crente, interpretando a fé, explicando a história e ditando as normas de vida, incluindo um código com punições para quem não seguir essas leis.

Falando abertamente contra a idolatria, isto é, o culto a imagens, e contra os males sociais de seu tempo, Maomé provocaria a fúria dos poderosos Coraixitas que tentaram matá-lo e impedir o crescimento de sua religião no ano de 622. Entretanto, ele sobreviveria embora tivesse que fugir de Meca, sua cidade natal, e retornaria vitorioso em 632, mesmo ano de sua morte.

Após sua morte houve divergências quanto a quem seria seu sucessor e essa questão, entre outras, acabou separando para sempre os muçulmanos xiitas dos muçulmanos sunitas.

Tradicionalmente vistos como menos radicais, os sunitas contam com a simpatia do ocidente (o que explica, por exemplo, o apoio a Hosni Mubarak, ditador sunita do Egito, ou ao governo Turco, ou ainda, o apoio a Sadam Hussein na guerra contra o Irã) enquanto os xiitas (a maioria) são considerados inimigos em potencial.

Com certeza, essa divisão não faria feliz o velho coração do mercador de Meca, que um dia sonhou, no interior de uma caverna, no meio do deserto, ver seu povo unido pela fé.


Prof. Péricles




Um comentário:

Anônimo disse...

Quando menor eu não entendia os motivos de tanta carnificina na região de Israel,na Palestina, e nos países arabes. Quanto menos por ter havido tantos filmes americanos na decada de 90 falando sobre aviões sequestrados por muçulmanos, ataques á embaixadas. Em fim, é interessante esse tema pois ajuda a compreender um pouco os acontecimento inerentes a essa região, principalmente os cunhos politicos, organizações formadas. O radicalismo do povo Arabe, o fundamentalismo dos governos do Ocidente. Acontecimentos que estão diretamente ligados a questões politicas e economicas do mundo moderno. As ideologias de guerra santa, mas com profundo fins politicos e economicos. A presença de Petroleo, ainda existente por lá ainda da muito pano para a manga. As questões sociais e humanitárias ficam em segundo e terceiro plano, mas que aos poucos vem sendo despertadas pelas nações por lá, o que pensariam os cépticos se não houvesse Petroleo nessa região. Será que haveria interesse dos governos do dito primeiro mundo nessa região, apoiando e derrubando governos do antigo mundo?? acredito que não.