quinta-feira, 26 de julho de 2012

A BURGUESINHA NUA


Na vida tem certas coisas que parecem que são, você jura ... mas não são.

Quem nunca confundiu abacaxi com ananás?

Quem nunca chamou alguém pelo nome pra verificar, sem graça, que a pessoa era outra?

Quem nunca trocou a data de aniversário das namoradas?

Pois, quem vivia na França na segunda metade do século XVIII, e assistiu os momentos dramáticos da Revolução Francesa, com certeza, poderia jurar que se tratava de um movimento dos pobres, dos oprimidos, em busca de igualdade e da liberdade.

Afinal, quem empunhava aquele porrete não era o moço funcionário do armazém? E aquele senhor lá na frente, exaltado, não era o agricultor humilde da fazendola próxima?

Igualdade, Liberdade, Fraternidade!

A emoção de ver homens e mulheres, jovens e velhos nas ruas, armando barricadas e lutando contra as forças do Rei fizeram circular histórias, como a da misteriosa e linda mulher de seios nus (depois identificada como a Liberdade) lutando lado a lado com o povo.

Centenas juravam tê-la visto.

Quando os habitantes de Marselha chegaram a Paris para se juntar à luta, parecia, poderia jurar que parecia, a união de pobres em busca da sua vez.

Parecia, mas não era.

Na verdade, quem chegava ao poder a partir dessas lutas emocionantes, era a burguesia, que, naquele momento histórico, pertencia a um status menor, um status de terceiro estado, sendo explorada pela nobreza no andar de cima.

Foram 10 loucos anos revolucionários em que, logo após galgar o poder a mais alta burguesia tratou de limitar o espaço dos mais pobres, urbanos ou dos campo.

A Reforma agrária jamais aconteceu de fato. A reforma fiscal beneficiou apenas os que tinham dinheiro e a igualdade deve ter morrido na guilhotina em alguma noite escura, sem testemunhas.

Quando sonhadores como Gracchus Babeuf, lideranças da ralé, perceberam, a cortina já havia se fechado, o show havia terminado e o povo ficado de fora.

Quando os canhões de Napoleão impuseram o fim da revolução, a única mudança social fora a mudança de inquilinos do andar de cima.

A Igualdade e a fraternidade permaneceram belas palavras, sedutoras e ilusórias, e muitos morreram velhinhos sem entender onde elas haviam se perdido.

A moça dos seios nus? Não era a Liberdade coisa nenhuma... era uma burguesinha assanhada, prometendo o que não daria e que só existia na imaginação dos iludidos.

Prof. Péricles

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