domingo, 25 de novembro de 2012

EDUCARE


Faz-se grande confusão entre educação e conhecimento formal.

Talvez a maioria das pessoas quando fala em educação pense apenas no professor, no giz, quadro negro, horários, etc.

Nada mais confuso do que essa visão.

Educação é muito mais do que rotinas estudantis.

O filósofo Sócrates falava em “educare”, termo que deu origem à “educação”, num sentido bem diferente do tradicional.

Educare queria dizer “tirar de si, fazer brotar”. Ou seja, a educação se realiza através de um processo que tem incentivadores, mas que vem de dentro do educando e não de fora pra dentro.

Aquela imagem do professor que despeja seu enorme saber num depósito vazio que é a cabeça dos alunos é uma imagem tosca e distante do verdadeiro educare.

Nesse contexto a família é o principal fator da promoção da educação. Os parentes, amigos, a escola, a sociedade, a vida. Tudo é educação. Uma piada, uma frase, um exemplo, tudo promove a formação da pessoa. Tudo conspira para sua construção como indivíduo.

Aqui no Rio Grande do Sul, uma importante rede de televisão está promovendo uma campanha em que questiona o porquê de termos uma educação de tão baixa qualidade, classificada como a 88ª no cenário de todos os países. Questiona como se estivesse de fora, apenas transmitindo dúvidas das pessoas, e apontando o dedo inquisidor numa completa impessoalidade.

É importante campanhas assim, sem dúvida, mas seria mais interessante se o próprio veículo de comunicação iniciasse questionando a si mesmo, a qualidade de sua programação o comprometimento dela no processo educativo.

Qualquer professor seria capaz de escrever um livro sobre a influência da televisão sobre seus alunos.

Muitas vezes, todo um trabalho sobre, por exemplo, combate à intolerância é destruído em questão de segundos numa piada ou num bordão.

Aulas inteiras contra posturas de valor reprovável, bulling, homofobia, são arrasadas por um filme ou uma cena de novela.

Faz apenas algumas semanas, num programa televisivo noturno de final de domingo desenvolveu-se uma série de informações sobre como ampliar os efeitos do crack absolutamente inútil e contraproducente.

Educar é fazer brotar qualidades e valores que já existem na pessoa. É favorecer o encaminhamento dessas qualidades e desses valores na construção da cidadania, da liberdade e da felicidade da pessoa.

O conhecimento formal faz parte, mas que não é de forma isolada, a educação. É um complemento.

Ao professor de história, por exemplo, que pretenda também ser um educador interessa muito mais favorecer o despertar no aluno o gosto pela realidade dos fenômenos que compõem a história da humanidade e de seu país, do que, simplesmente avaliar sua capacidade de memória para guardar informações sobre o conteúdo.

Somos todos educadores e somos todos discípulos.

Não são apenas os professores os chamados a esse desafio. Somos todos nós.

E você, está fazendo algo pela educação?


Prof. Péricles

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei o texto, parabéns.

Natália