domingo, 11 de novembro de 2012

VIRGENS


Você acredita em virgens?

O que?

Em virgens? Óvnis, mula sem cabeça...

Virgem, por definição é o “atributo de uma pessoa (ou animal) que nunca foi submetida a qualquer tipo de relação sexual (conjunção carnal). Por uma pessoa ou animal leia-se “mulher”.

Para infelicidade feminina a questão da virgindade quase sempre esteve ligada a preceitos religiosos, o que fizeram o tabu se tornar dogma.

Entre muçulmanos a quebra do lacre é considerada crime grave (mais um, mulher por lá está sempre cometendo algum pecado pesado e precisando ser castigada). Além disso, o paraíso na concepção dos muçulmanos se dá com o fiel vivendo em terra de sombra fresca entre 70 virgens (não me pergunta por que tantas virgens, vai ver é porque não gostam de crítica).

Entre os ciganos o noivo mostra o lençol de núpcias como prova da virgindade mantida. Talvez faça coraçãozinho com as mãos e beije o lençol. Caso o pioneirismo não possa ser comprovado os pais do noivo ficam profundamente ofendidos e o casamento é anulado.

Entre os gregos e latinos antigos, ser virgem implicava numa série de honrarias que as mais rodadas, não possuíam. Assim por exemplo no antigo oráculo de Delfos o contato com os deuses era estabelecido pela Pítia, uma mulher virgem.

Para os mesopotâmios a virgindade era uma condição mágica. A partir da puberdade as jovens já eram levadas a participar da prostituição sagrada em honra da deusa Ishtar.

Mas, a tragédia mesmo, para as não virgens e não casadas do ocidente, começou com a ascensão da Igreja sobre antigos conceitos gentios. A partir de então, virgindade virou uma qualidade tão importante que se vinculou ao próprio nascimento de Jesus por uma mulher virgem. Atrelou-se também, ao conceito de pureza, de angelitude e de demonstração das mais sagradas virtudes cristãs. Ser virgem até o casamento tornou-se dever e obrigação.

Por outro lado, as não invictas caíram definitivamente em desgraça e sua condição passou a significar o oposto, imperfeição, vulgaridade, vinculação ao mal e ao demônio, até mesmo à bruxaria e a prostituição.

Muitas perderam a vida na fogueira por isso.

As coisas só melhoraram pra mulherada depois de muito sofrimento e muita estrada.

A partir da década de 60 do século passado aos avanços da mulher em vários campos adicionaram-se os avanços da ciência. Meios contraceptivos seguros, como a pílula, trouxeram consigo uma promessa enorme de liberdade. A partir da pílula passou a ser possível à mulher, transar apenas por prazer mesmo.

Mesmo tendo que enfrentar a Igreja e seus conceitos seculares e ainda os preconceitos do “mundo moderno”, as mulheres foram à luta, tomaram pílulas em praça pública e venceram.

Desde então, a mulher tem crescido em liberdade e na vontade sobre o próprio corpo. O sexo e sua prática deixaram de ser meramente exercícios reprodutores. A mulher passou a exigir os mesmos direitos de prazer e liberdade que o macharedo e a questão da virgindade foi definitivamente superada, sendo hoje, apenas uma característica do elemento feminino em formação.

Não ser mais virgem tornou-se um doloroso segredo de fórum íntimo. Segundo os próprios médicos, é impossível ter certeza que o hímem (uma pecinha anatômica que se rompe quando da primeira relação) já foi ou está sendo rompido ou não e até a medicina às vezes sofre para dar seu veredicto. (me desculpa se você achava que tinha certeza e isso era importante pra você).

Mentiras e repressão muitas vezes geram atitudes hipócritas e muita gente que já não era, tornou-se carrasco de quem deixasse de ser.

Hipocrisia, fiel definição de escândalo forçado e fraudulento, olhos arregalados e indignação patética diante de uma situação, na verdade conhecida.

- Ela já deu! Ela já deu!

Dedo em riste, acusatório, denunciando o que própria dona do dedo acusador já fizera.

Falsas virgens.

É o caso do mensalão.

Nós sabemos bem que se existe o corruptor, também existe o corrompido.
Se alguém corrompeu, alguém se deixou corromper, aceitou, pactuou. Se alguém comprou alguém vendeu.

Como não é lógico que os acusados principais, todos do PT, negociassem com políticos, deputados e senadores do próprio PT para aprovarem projetos do governo que eles mesmos formam a base, a conclusão óbvia é que os corrompidos eram dos outros partidos.

Onde estão os corrompidos?

Por toda a parte, com o dedo em riste.

Ver Roberto Jefferson escandalizado é mais ou menos como imaginar Dercy Gonçalves num convento.

A voz indignada do âncora do telejornal e a caretinha zangada da moça que lê com ele as notícias é impagável.

A expressão de dizer algo jamais imaginado e totalmente desconhecido nos remete as piores canastrices da sétima arte.

Não tem como não rir por mais que o momento seja de seriedade.

Falsas virgens.

Falsos puritanos.

Dedo em riste numa triste farsa que busca enganar a si mesmo e mostrar a imagem que outros querem ver.


Prof. Péricles
Uma homenagem ao meu amigo Luis Carlos “Batista”

Nenhum comentário: