terça-feira, 15 de janeiro de 2013

TENSÕES INTERNACIONAIS



Nesse início de 2013 algumas áreas de tensão, que trazem preocupação à paz mundial, são bem visíveis. A fronteira Índia/Paquistão, a instabilidade na Península da Coréia, e o Oriente Médio, são as mais preocupantes ameaças à paz no mundo.
Quando a Índia tornou-se independente do Império Britânico, num processo impar de não violência liderado pelo Mahatma Ghandi, as divergências entre hindus e muçulmanos produziam as mortes que o Mahatma conseguira evitar contra os ingleses. Em grande maioria, os hindus ocupariam o governo do país, com facilidade. Devido antagonismos ancestrais os muçulmanos temiam perseguições por parte dos Hindus e as lideranças muçulmanas impuseram após lutas sangrentas, a secção de parte do país dando origem a um novo Estado, o Paquistão. Assim, a Índia seria dos hindus e o Paquistão dos muçulmanos. Na partilha territorial, porém, uma importante região chamada Caxemira, apesar de habitada quase que totalmente por muçulmanos ficou para o estado hindu. De lá pra cá, essa fronteira tem sido uma das mais tormentosas do planeta. Já ocorreram guerras convencionais devido o surgimento de grupos separatistas caxemires que lutam contra as autoridades da Índia para anexar a região ao mapa paquistanês. Segundo o governo da Índia, os rebeldes caxemires são financiados pelo Paquistão. Detalhe importante, ambos os países possuem armamento nuclear, o que torna a ameaça de uma guerra entre os dois um perigo global e não apenas regional.

A Guerra da Coréia foi um dos capítulos mais marcantes da primeira fase da Guerra Fria. Aconteceu entre 1950 e 1953 e dividiu o país, como se tornaria clássico naquela Ordem Internacional. A parte Norte apoiada pela China Comunista (fazem fronteira) e a porção sul apoiada militarmente por forças dos Estados Unidos. A Guerra chegou a uma espécie de empate técnico entre eles foi assinado o cessar fogo de Piongang. Por se tratar de um cessar fogo e não de um acordo de paz, teoricamente os dois países irmãos ainda estão em guerra. A Coréia do Norte adotou o socialismo e após a crise do socialismo e fim da URSS em 1990 entrou em profunda depressão econômica, já a Coréia do Sul adotou o modelo capitalista e graças a profundos investimentos norte-americanos desfruta hoje de uma cômoda situação financeira, sendo um dos países mais modernos da Ásia. Inconformados com a situação, a Coréia do Norte nos últimos anos tem trazido apreensões à região com testes de mísseis e outros armamentos que colocam em risco, além da Coréia do Sul, o Japão, tradicional inimigo coreano. A Coréia do Norte também possui armamento nuclear e o medo maior é que, para sobreviver à crise econômica use métodos radicais para forçar acordos com seus vizinhos.

O Oriente Médio possuí mais de um foco de crise. O Irã que a mais de ano iniciou um programa nuclear (segundo os iranianos apenas para fins pacíficos) mais uma vez está no olho do furacão. Segundo os governos de Israel, Estados Unidos e da maioria dos países da Europa Ocidental, o Irã busca construir armamentos nucleares que colocariam, não só Israel, mas toda a região em risco. Além disso, os investimentos em armas feitos por seu governo fazem desse país, o detentor de um dos mais poderosos exércitos da região. O mundo ocidental divide-se hoje entre os que defendem uma ação militar imediata contra Teerã e os que consideram melhor insistir nas negociações diplomáticas. Outro país que tem tirado o sono dos pacifistas é a Síria. País de inúmeras divisões internas, a Síria é governada desde 2000 pelo político Bashar AL-Assad. Envolto nos movimentos da Primavera árabe Assad enfrenta há vários meses uma verdadeira guerra civil para derrubá-lo do poder. Segundo o Presidente, os rebeldes são apenas aliados dos norte-americanos e israelenses que desejam dominar a Síria para que sirva de trampolim a um ataque ao Irã. Segundo os EUA e a OTAN, Assad é um ditador cruel que tem usado armamento militar contra populações civis. O problema torna-se mais grave ao entendermos a Síria como a mais importante aliada da Rússia e da China na região, tendo esses governos deixado claro que não irão tolerar uma nova intervenção militar no Oriente Médio, pois que, enfraqueceria sobremaneira suas posições políticas na zona estratégica do petróleo.

Finalmente importa lembrar a interminável questão árabe-israelense. No ano passado a Autoridade Nacional Palestina conseguiu status de Estado reconhecido pela ONU. Isso provocou turbulências e ameaças por parte de Israel e dos Estados Unidos (o governo norte-americano deixou de repassar alguns milhões de dólares na UNESCO como retaliação). Israel acompanha a questão do Irã e da Síria muito atentamente. Em 2012, alegando que mísseis palestinos do Hamas partiam da Faixa de Gaza, Israel apertou o cerco na região, acelerou a construção do muro da vergonha e bombardeou algumas cidades palestinas matando civis. Depois, num recuo surpreendente, aceitou um cessar fogo. Segundo analistas mais pessimistas, esse recuo pode ter sido estratégico, apenas para preparar um lance mais ousado, como, por exemplo, um bombardeio no Irã. Um conflito no Oriente Médio ameaça extrapolar as fronteiras da região, envolver OTAN, China e Rússia, e provavelmente originar um confronto de características muito mais graves do que os últimos desencontros na região.

Fique atento. A situação hoje é muito, muito mais grave do que qualquer predição dos Maias ou comentários que se faça nos telejornais.

Prof. Péricles

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