sábado, 27 de abril de 2013

VIAGENS E UTOPIAS



Numa mensagem de Roberto Mitsuichi, a vida é comparada a uma viagem mais ou menos longa de trem.

Numa estrada maravilhosa, cheia de eventos e de diferentes paisagens, o trem segue seu rumo, como deve ser, nos levando do êxtase ao tédio.

Cheia de estações ao longo do caminho contamos, desde o início da viagem, com pessoas que mudarão nossa vida de alguma maneira e que nos deixarão ao longo da estrada, em diferentes estações.

Desde nossos pais, os primeiros passageiros de nosso vagão, que terão que descer do trem em algum ponto da estrada, antes de nós, passando por amigos de infância, namoradas, professoras, esposa, filhos...

Alguns descem de nosso vagão deixando-o mais vazio. Muitos levam um pouco de nós na bagagem nos deixando enormes vazios quando partem. Mas o trem segue.

Até que chega a nossa estação, e todos nós temos a estação marcada para descer.

Achei muito bela essa mensagem e fiquei pensando que o mesmo se aplica a nossas expectativas, nossos sonhos e utopias.

Quando crianças levamos uma coleção de sonhos brilhantes, de muitas cores e sons. Queremos ser médico, professor, bombeiro, policial... Queremos ser o destaque do colégio, dos irmãos, de tudo, pois quando crianças nossos sonhos são egoístas e exclusivistas.

Com o andar do trem barulhento ao longo do tempo, vamos nos definindo como seres sociais e nossos sonhos se tornam mais altruístas. E sem que a gente perceba nascem nossas utopias.

Então, percebemos que podemos sentar nos bancos da direita ou da esquerda do trem.

Se da esquerda iremos nos entender responsáveis pela própria sociedade em que habitamos e responsáveis não apenas por nossa comodidade, mas pela comodidade de todos os outros passageiros, sejam conhecidos nossos, ou totalmente anônimos. Iremos querer transformar o trem, torna-lo mais suave e acabar com as diferenças entre passageiros de primeira, segunda ou terceira classe. Provavelmente te acharão esquisito, maluco, um passageiro que talvez deva ser jogado pra fora do trem em movimento.

Se da direita, iremos sonhar sonhos já sonhados e conservados em vidros mágicos. Sonhos em conserva, capazes de suportar longo tempo, mantendo o sabor mesmo que rançoso e cruento. Nesse tipo de sonho, nos bancos da direita, a paisagem terá aspectos profundamente contrastantes e você os verá de acordo com a altura de seu banco. Se mais no alto você achará a viagem maravilhosa e talvez se dê por satisfeito se os dos bancos mais baixo não conseguiram subir à sua altura.

Num certo ponto da viagem, já próximo de sua estação você poderá perceber que seus sonhos envelheceram.
O médico, o professor, o bombeiro, o policial, já não habitam a sua alma. Não ligue. Sonhos envelhecem assim como a gente e como peles de cobras podemos trocá-los por outros.

Mas, mantenha viva suas utopias. Poderão até estarem gastas, desbotadas e doloridas. Mesmo assim, que estejam vivas.

Não sei exatamente como é o fim da viagem mas... algo me diz que serão as únicas coisas que poderemos levar. Não havendo roupas nos vestimos de utopias e foram elas que aqueceram nossos dias com esperança.

Cuide-se. Não chegue nu ao fim da linha.

Prof. Péricles

Um comentário:

Jairo disse...

Seguremos juntos nesta viagem, até onde Deus assim nos permitir, com nossas perdas e nossos rumos, mas sempre como filhos de nosso Pai. Abraço fraterno.