domingo, 11 de agosto de 2013

10 DIAS MALDITOS NA HISTÓRIA BRASILEIRA


1. 20 de novembro de 1694: é morto Zumbi, líder da resistência de Palmares, mais importante quilombo da história do Brasil. A morte de Zumbi representou diretamente, o fim do próprio quilombo destruído por Domingos Jorge Velho. Indiretamente representou bem mais. Foi o fim das esperanças de uma negociação que acabasse com a escravidão abjeta e que a Coroa mudasse sua visão sobre as terras recuperadas após as invasões holandesas. Palmares se localizava na serra da Barriga, atual estado de Alagoas e essa data foi escolhida para celebrar o dia da consciência negra no Brasil.

2. 08 de novembro de 1799: São executados pela forca os quatro principais líderes da Revolta dos Alfaiates, ou Conjuração Baiana. Esse movimento foi extremamente popular reunindo inclusive lideranças negras, de ex-escravos. Suas principais exigências eram: Proclamação da independência, Abolição da escravatura, Proclamação da República, Diminuição dos impostos, abertura dos portos e fim do preconceito racial. Se tivesse obtido sucesso o país estaria mais perto de ser um país dos pobres e não dos poderosos como acabou sendo com a independência dirigida pelas elites.

3. 19 de maio de 1817: tropas portuguesas entram em Recife e encontram a cidade abandonado. Os rebeldes da Revolta dos Padres ou Insurreição Pernambucana, iniciada em março daquele ano, se rendem. Movimento extremamente nacionalista que repudiava o vinho português e incentivava o consumo de cachaça brasileira, o da farofa, o ritmo de tambores na música e que imaginou um Brasil brasileiro, chegou a dominar a província por 100 dias. Foi a última tentativa de se criar um país popular. Cinco anos depois, D. Pedro e a aristocracia escravagista iriam proclamar a independência que valeu.

4. 23 de agosto de 1840: morre o último rebelde nos igarapés do Pará pondo término à Cabanagem, movimento de revolta da população mais pobre dessa Província brasileira, que carecia de tudo. A grande infelicidade do movimento foi perder seu líder, o Padre Batista Campos, num acidente enquanto se barbeava. Os rebeldes tomaram Belém e surpreenderam pela determinação, mas as intrigas,divisões e oportunismos entre suas lideranças foram fatais e maior causa de sua derrota. Calcula-se que 40% da população do Pará (antes dos acontecimentos a população total era de 100 mil habitantes) tenham morrido nos combates. Duas tribos indígenas os Murás e os Mauês foram extintas.

5. 13 de dezembro de 1864: O Paraguai declara Guerra ao Brasil dando início a um conflito que iria extrapolar as questões estratégicas, tornando-se, no final, um verdadeiro massacre a esse país que até hoje não se recuperou completamente. No final da guerra, sob comando de Conde D’eu, genro do Imperador, houve de tudo. Decapitações, fuzilamentos da população civil e massacre de crianças. Para o Brasil, segue uma dolorosa lembrança de um tempo em que nosso país se tornou juiz e carrasco de um povo inteiro.

6. 24 de agosto de 1954: Madrugada. Diante da iminência de ser derrubado pelos militares, o presidente do Brasil, em pleno exercício do mandato, Getúlio Vargas, comete suicídio. Era o fim de uma crise que iniciara dia 5 daquele mês com o atentado da Rua Toneleros que feriu o jornalista e opositor de Vargas, Carlos Lacerda e matou o major do exército Vaz Monteiro. O suicídio chocou o país e o mundo. Definitivamente, não era a melhor forma, de terminar a “Crise de Agosto”.

7. 31 de março de 1964: Às 3 horas da manhã o General Olimpio Mourão Filho iniciou o movimento de suas tropas localizadas em Minas Gerais, em direção ao Rio de Janeiro. Era o início do golpe militar de 1964 que depôs o presidente João Goulart, o Jango, e instituiu no poder uma ditadura que durou 20 anos, aumentou a dependência econômica do país, cassou mandatos, perseguiu opositores, prendeu e matou em nome de algo etéreo denominado “Segurança Nacional” que exigia a luta contra os “comunistas” e “subversivos”, isso é, todo aquele que fosse contra a própria ditadura.

8. 13 de dezembro de 1968: Conhece o ditado que diz que nada está tão ruim que não possa ficar pior? Pois o regime militar que extinguira a frágil democracia no Brasil e sofria a resistência heróica de trabalhadores e principalmente, de estudantes, promoveu um golpe dentro de si mesma, nessa data, com a assinatura pelo General-Presidente Arthur da Costa e Silva do AI-5 (Ato Institucional nº 5). A partir da entrada em vigor desse repulsivo expediente jurídico criado nos quartéis, toda e qualquer atividade ficava proibida, (a simples reunião de mais de três pessoas poderia ser considerada reunião política). Os mecanismos de repressão policial-militar tipo DOPS, SNI, DOI-CODI etc. passavam a ter poderes ilimitados em suas ações, permitindo prisões sem mandatos e tortura. A delação foi incentivada. Funcionários públicos demitidos, gente presa e morta sem acusação formal e alguns, desaparecidos até hoje já que o regime jamais assumiu suas prisões e execuções.

9. 21 de abril de 1985: logo depois do Fantástico, na Rede Globo, é anunciado pelo porta-voz Antônio Brito, a morte de Tancredo Almeida Neves que, apesar de eleito indiretamente no ano anterior, representava a volta do país à normalidade política, já que sua posse e o fim do mandato do último General-Presidente, João Figueiredo, decretavam o fim da Ditadura Militar. Político mineiro, Tancredo que sempre militara no MDB durante a ditadura, havia baixado o hospital exatamente na véspera da posse. Fala sério, depois de vinte anos de ditadura o civil eleito morrer sem assumir... ninguém merece.

10. 15 de março de 1990: Toma posse oficialmente do cargo da Presidência da República, Fernando Collor de Melo, eleito em outubro de 1989. Collor tinha 5% de intenção de voto quando a campanha começou, mas foi maquiado e produzido pelos meios conservadores de comunicação, especialmente a Rede Globo de Televisão, para vencer, a qualquer custo. Sua eleição não pode ser questionada em sua lisura, mas foi lamentada profundamente por todos aqueles que sofreram na Ditadura Militar e esperavam pela volta das eleições presidenciais livres (a última havia sido há 29 anos). Apesar de se dizer representante do moderno, Collor representava as coisas mais ultrapassadas de nossa história, como o coronelismo, a manipulação da informação e a soberba dos poderosos. Como se já não bastasse, a vitória de seu modelo político significou a chegada do neoliberalismo ao poder e tudo aquilo que dele se temia e, infelizmente, se confirmou: desnacionalização da economia, privatizações às escondidas, desmoralização do serviço público e de seus servidores.


Prof. Péricles





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