quarta-feira, 13 de agosto de 2014

SEM RUMO



Por Mauricio Puls

O aspecto mais notável do presente cenário eleitoral não é a debilidade da presidente nas pesquisas, e sim a da oposição. Seria razoável esperar que, numa conjuntura difícil, seus adversários estivessem numa situação mais favorável.

Na última pesquisa Datafolha, os candidatos do PSDB, PSB e PSC tinham 31% das intenções de voto. É pouco. Nesta etapa da campanha, três opositores reuniam 48% das intenções de voto em 2010, 39% em 2006, 39% em 1998, 46% em 1994. Em todas essas eleições, a oposição estava melhor nesta altura da disputa. Em todas o Planalto venceu.

Em que ocasiões o governo perdeu? Em 1989, quando três antagonistas somavam 62% das intenções de voto; e em 2002, quando possuíam 72%.

A oposição nunca teve um desempenho tão ruim como agora, apesar das condições adversas a Dilma: três quartos dos eleitores desejam mudanças, mas a maioria não se anima com os nomes disponíveis.

Em sua obra "O Antigo Regime e a Revolução", Tocqueville ensina que "não é indo sempre de mal a pior que se cai numa revolução": a população suporta pacientemente todos os infortúnios quando não enxerga uma saída para superá-los. Para que sobrevenha uma mudança, acrescenta Jean Jaurès, é preciso que as classes majoritárias sintam um terrível mal-estar, mas é preciso também que elas "tenham um princípio de força e, por conseguinte, de esperança".

Que esperança ofereciam os oposicionistas vitoriosos? Em 1989, com uma inflação de 1.973% ao ano, venceu a alternativa de direita: o caçador de marajás prometia reduzir o papel do Estado na economia para conter os preços. Em 2002, com um desemprego de 10% ao ano, venceu a alternativa de esquerda: o líder operário prometia ampliar o papel do Estado na economia para criar 10 milhões de empregos. O que propõe a oposição em 2014?

Acena aos empresários com a retomada da política econômica de FHC para reduzir uma inflação de 6,5% ao ano. Mas essa promessa só terá êxito se houver uma recessão no meio do caminho. Por isso, quando se dirigem às massas, os candidatos não propõem nada.

Sem esperança, o eleitor que abandonou Dilma após os protestos de junho segue indeciso. Em março de 2013 a petista reunia 58% das intenções –hoje tem 36%. Em março de 2013, Aécio, Campos e Marina somavam 32%; agora os três, com o reforço do Pastor Everaldo, têm 31%. Dilma perdeu 31 milhões de votos; a oposição não ganhou nenhum.

Mas crê que herdará os desiludidos, porque estes não têm opção. Não é bem assim. FHC foi reeleito em 1998 com o país crescendo 0,04% ao ano, pagando juros de 49,75% e à beira do colapso cambial porque a população temia que uma mudança piorasse ainda mais as coisas. O eleitor prefere o conhecido ao desconhecido: mudar, só em último caso.

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