domingo, 7 de setembro de 2014

UM PAÍS DE MENTIRAS - 01



O Brasil é um país que gosta de mentiras e convive culturalmente com elas.

Já ao nascer como país, na Constituição de 1824, uma grande mentira, a Monarquia é adotada como forma de governo. Quando o normal seria seguir o exemplo de todas as nações sul-americanas que adotaram a república, o Brasil nasceu real. Mas essa realeza era uma mentira. Nossa dinastia não existia, nem nobreza. Nossos condes, duques e marquesas foram todos instituídos por decretos a partir de uma idéia mentirosa criada apenas para manter a escravidão.

Como que justificando a aposta das elites na monarquia, D. Pedro, nosso primeiro imperador, em 1826, mentiu aos britânicos que acabaria com o tráfico de escravos num prazo máximo de cinco anos, e os britânicos acreditaram. Foi a famosa Lei “para inglês ver” e o tráfico só seria proibido depois de uma verdadeira guerra diplomática 44 anos depois em 1870, com a Lei Eusébio de queirós.

No segundo reinado criou-se o mito de uma nação pacífica, mas isso é apenas outra mentira, pois, se internamente os movimentos de contestação acabaram (com exceção da Praieira em 1848) essa paz se fez pelo emudecimento à força das vozes reivindicantes e não pela atenção a essas reivindicações, externamente, o Brasil interferiu militarmente por três vezes na Argentina e no Uruguai e foi o ator principal da maior guerra dessa banda do continente, a Guerra do Paraguai (1864-1870).

Antes, em 1847, uma engenhosa farsa. Criou-se o sistema parlamentarista no Brasil, sem nunca se usar a palavra parlamentarismo ou primeiro-ministro, e sim, presidente do Conselho de Ministros. No entanto, o imperador manteve seus poderes num parlamentarismo verdadeiramente às avessas.

Pelo cargo maior de Presidente do Conselho de Ministros lutavam dois partidos com nomes opostos, Partido Liberal e Partido Conservador, mas era mentirinha, pois os dois eram basicamente a mesma coisa e representavam os mesmos interesses da elite.

Em 1888 ocorre a assinatura da Lei Áurea, uma enorme mentira, pois de áurea essa Lei racista e excludente, nada tinha.

Na proclamação da República em 1889 adota-se toda uma simbologia positivista num país em que poucos setores eram realmente positivistas e uma Constituição fortemente influenciada pelos Estados Unidos que prevê o voto universal, uma grande mentira. Como pode o voto ser universal se excluía as mulheres e os analfabetos?

Na virada do século coibia-se o samba como atividade criminosa e proibiam-se os negros de jogarem futebol. Ao mesmo tempo se fazia saúde pública vacinando à força e queimando-se colchões das pessoas pobres.

Mentiras. Um país que cultiva mentiras


Prof. Péricles

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