quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

UMA HISTÓRIA DE AMOR E VINGANÇA


Os casamentos reais na baixa Idade Média e na Idade Moderna eram questão de estado, tratados com a frieza e a lógica das alianças políticas.

No século XIV, Portugal já era um Estado, governado por uma monarquia absolutista.

Apesar de sua prematura unificação lhe dar superioridade política diante dos reinos ainda em formação na Europa, seu pequeno tamanho e limitado poder militar obrigava a que seu rei, estivesse muito atento contra ameaças a sua independência.

Por isso, o rei Afonso IV decidiu que o seu filho, herdeiro ao trono, príncipe Pedro, casaria com Constanza, a filha de um poderoso aliado.

O príncipe, aparentemente, aceitava bem a situação, como um fato político, mas mantinha uma ardorosa paixão por Inês de castro, uma jovem e belíssima aristocrata.

Todos, inclusive a esposa de Pedro, sabiam dessa paixão avassaladora, mas faziam de conta não saber. Até que Constanza morreu, em 1345.

Rei Afonso ficou preocupado e temendo que Pedro aproveitasse a viuvez para oficializar o caso “secreto” que poderia inviabilizar seus novos planos, ordenou que Pedro rompesse e deixasse definitivamente de ver Inês.

Pedro foi incapaz de cumprir a ordem. Seu amor era maior que seu devotamento ao pai e ao Estado. Continuou encontrando sua amada e com ela passando tórridas noites.

Boatos de uma provável gravidez começaram a chegar aos ouvidos dos conselheiros do rei que não demoravam em repassar a seu chefe o perigo que um filho bastardo poderia significar.

Então, o velho monarca radicalizou.

Certa noite, três agentes enviados por ele, invadiram o mosteiro de Santa Clara-a-Velha, onde Inês passava uma temporada reclusa e a seqüestraram. Levada para uma área deserta, a pobre moça foi violentamente terrivelmente assassinada com diversos golpes de sabre.

A dor de Pedro foi imensa.

Sua revolta quase o levou a matar o próprio pai, mas foi contido.

queimando de ódio e de dor, recuou. Disse estar arrependido, jurou fidelidade ao Rei e escondeu-se em algun canto sombrio do castelo.

Pouco mais de um ano Afonso IV morreu e Pedro se tornou rei com o título de D. Pedro I.

Então sua fúria explodiu contra os assassinos de sua amada.

Um deles, o mais esperto, percebeu antes a situação e fugiu de Portugal, desaparecendo para sempre. Mas, os outros dois foram presos.

Os assassinos foram bárbaramente torturados por ordem de Pedro I, que fez questão de, pessoalmente, abrir o peito de cada um, e arrancar o coração ainda pulando para, em seguida, retalha-los com a adaga.

Pedro afirmou, embora sem provas, que havia se casado em segredo e nomeou postumamente Inês de castro, rainha de Portugal. Seu corpo foi exumado e transferido para o suntuoso mausoléu no palácio. (foto acima).

Antes disso, porém, foi colocado no trono e por ordem real, todos os cortesãos, conselheiros de seu pai, foram obrigados a formar fila e um a um, beijar a mão e os pés do cadáver.

Pedro I, nunca mais amou outra mulher.


Prof. Péricles


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