terça-feira, 18 de agosto de 2015

CRIMES EM CANAÃ


Na madrugada do dia 31 de julho passado, um grupo de extremistas judeus em número ainda não definido, quebrou as janelas de uma casa Palestina no vilarejo de Duma, na Cisjordânia.

Por que aquela casa? Por que aquela família? Não se sabe. Provavelmente por uma escolha totalmente aleatória, isso é, poderia ser qualquer outra casa de outra família palestina.

Pelas janelas quebradas, e antes que a família despertasse completamente, bombas incendiárias foram lançadas.

Saad Dawabsha era o chefe daquele grupo familiar e, com a velocidade que lhe foi possível conseguiu tirar um dos filhos, de quatro anos, e a esposa, do meio das chamas e leva-los para fora do inferno em que a casa havia se tornado.

Em seguida retornou em busca do outro filho, um bebê de 18 meses.

O pessoal do socorro chegou em seguida e encontrou Saad inconsciente, abraçado ao corpo do filho, totalmente carbonizado.

Retirado ainda com vida, o pai foi hospitalizado com queimaduras de terceiro grau, mas, autoridades palestinas informaram a sua morte no sábado, 1º de agosto.

A mulher de Dawabsha e seu outro filho seguem internados em estado grave.

Os assassinos picharam a palavra “vingança” nos muros da vizinhança além da frase “vida longa ao Messias”.

O que tem essa tragédia de inédito na região? Nada. Crimes assim são bem comuns. Ano passado, por exemplo, um jovem palestino foi queimado vivo em Jerusalém, depois do assassinato e sequestro de três adolescentes israelenses por militantes palestinos na Cisjordânia.

Assim tem sido há décadas e assim será enquanto os homens que têm o poder para fazer parar a matança, homens como o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, não aceitarem que, a construção da paz só será possível com mútuas concessões.

A paz no Oriente Médio é possível, e isso já foi demonstrado por Itkaz Rabin e Yasser Arafat, mas para isso, a postura prepotente dos senhores da guerra deve ceder espaço para o desejo real de construí-la.

Enquanto isso acontecer, homens como Saad Dawabsha, que não participava de nenhum grupo extremista, nem partido político, e que tinha apenas para si a responsabilidade sobre sua família, continuarão morrendo abraçados aos corpos sem vida de seus filhos.

Apenas a paz pode deter os crimes em Canaã.


Prof. Péricles

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