quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

ISRAEL E O EMBAIXADOR DA DISCÓRDIA


Desde a Guerra dos Seis dias, em 1967, Israel ocupa a região da Faixa de Gaza e da Cisjordânia que, conforme a ONU ao criar o próprio estado de Israel em 1948, é território da Palestina independente.

Para solidificar a ocupação, Israel criou os nefastos “assentamentos” que são pequenas, mas confortáveis vilas habitadas apenas por judeus.

Isso define claramente a ocupação não como temporária, mas como colonial.

É claro que tal situação irrita profundamente os palestinos (imagine você se um estado estrangeiro ocupasse o Rio Grande do Sul e passasse a criar vilarejos lá pelos pampas).

Os assentamentos representam a maior dificuldade para qualquer processo de paz. É o estigma mais cruel do invasor e a humilhação maior  para os invadidos.

Com relação aos assentamentos observam-se diferentes olhares e consequentes ações por parte dos israelenses.

Há os que reconhecem que o primeiro passo para a paz deve ser dado por Israel com o fim dos assentamentos, como Itzak Rabbin primeiro-ministro assassinado por um jovem judeu ortodoxo na década de 90.

Tem os que reconhecem a arbitrariedade e não esquecem que uma moção da ONU determina a imediata desocupação dessas áreas (mas vetada pelos Estados Unidos), porém, por terem interesses diretos ou indiretos nos assentamentos, ou mesmo por medo de que isso fortaleça os palestinos recusa a idéia de avançar nesse sentido.

Há também israelenses que negam qualquer direito aos palestinos, não reconhecem os assentamentos como focos de crise e são contra qualquer medida séria que busque a solução do problema.

Entre esses últimos um sujeito bem conhecido é Dani Dayan.

Esse político nem chama a Faixa de gaza e a Cisjordania mas de Judéia e Samaria, os nomes bíblicos da região.

De fato, Dayan se declara abertamente contrário à solução de dois Estados, aprovada na ONU sendo totalmente contrário à existência de um Estado Palestino.

Na verdade, ele não acredita, nem apóia, qualquer solução pacífica para a questão e defende a dominação através da força, chegando a ameaçar, num passado recente, o próprio governo israelense contra qualquer concessão aos palestinos.

Pois agora, essa flor de criatura foi designada como embaixador de Israel no Brasil.

Detalhe: o procedimento usual entre todos os países é que o governo que indica um  novo embaixador consulte antes o governo que vai recebe-lo para evitar qualquer tipo de contrariedade com o nome indicado, e isso, Israel não fez, em mais uma demonstração de falta de ética e respeito às normas internacionais.

Só que o Brasil hoje, é governado por gente vertebrada que defende o processo de paz na região e o respeito aos palestinos, e, dessa forma, o Itamaraty recusou a imposição de Dani Dayan guela abaixo e já declarou que espera um embaixador que não represente a colonização da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

Em resposta com o velho estilo truculento sionista, a vice-ministra das relações exteriores Tzipi Hotovely, ressaltou que Israel não enviará outro embaixador  e que seu país está “lidando com o caso de forma discreta, mas que adotará ferramentas alternativas públicas  para repreender o Brasil”.

Incentivado pela arrogância de seu governo o próprio Dayan fez questão de mostrar sua soberba em relação ao nosso país declarando que “Netanyahu não pressionou o governo brasileiro o suficiente para forçar a minha nomeação”, e complementou em entrevista ao jornal Haaretz: "Não sei se serei o embaixador no Brasil e, pessoalmente, não me importa muito. Aliás, isso tornaria as coisas muito mais fáceis para mim [não ir para o Brasil], mas estou lutando pelo próximo embaixador que venha a ser um colono".

Israel, mais uma vez, demonstra seu estilo grotesco, belicoso e autoritário de ver o mundo além do seu umbigo e suas relações políticas.

Que o povo brasileiro saiba reconhecer a grandeza do gesto de seu governo através do Ministério das Relações Exteriores que, certamente, deverá ser aplaudida pelas demais nações latino-americanas além de todas aquelas que respeitam as resoluções da ONU, a 4ª Convenção de Genebra e as decisões da Corte Internacional de Justiça, que asseguram a soberania das nações.


Prof. Péricles



Um comentário:

inapiario disse...

Me fez lembrar o Jerome walker querendo dar um pnta pé na bunda do Brasil.