sexta-feira, 21 de julho de 2017

CULPA É DO MORDOMO?


Se a ideia fosse promover uma caça as bruxas, a primeira pergunta a ser respondida seria justamente “De quem é a culpa? ”

De quem é a culpa desse mergulho cego do país do grupo seleto dos emergentes para país indigente? Do povo que comprava carro e viajava de avião para o povo a pé, mais uma vez?

Quem é o responsável pelo otimismo ter sido sufocado miseravelmente pelo pessimismo e dar lugar a esse jeito de filme já visto, e que, sabemos, não tem final feliz?

Não vale a resposta simplista de crise econômica internacional pois, apesar de que dessa vez não era só uma marolinha também não era lá, um tsunami.

Que culpa tem a crise lá fora da redução paulatina dos programas sociais, rumo à extinção completa?

Pelos Deuses, quem roubou a esperança e levou junto o sorriso mais cheio de dentes que a pátria mãe já viu?

Quem foi que esqueceu de nos avisar que no final das marchas do pato o pato seríamos nós?

Não adianta botar a culpa no Temer já que é muito cômoda essa solução de que o culpado é sempre o mordomo.

Na verdade, por mais que se esprema o cérebro não se chegará a um culpado individual, já que a culpa é mesmo coletiva.

É de todos nós, de cada um, mesmo daquele que jura que não tem nada a ver com isso.

Enquanto nos dizíamos “cansados disso tudo” eles persistiram e levaram a cabo um bem-sucedido processo de impeachment.

Enquanto duvidávamos que eles ousassem eles ousavam.

Lembra daquele dia que rimos achando que esses frágeis movimentos de direita de internet não conseguiria meia dúzia de gente gritando contra o governo? Pois é... botaram milhares enquanto ríamos.

E quando se dizia que o jogo deveria ser jogado, com todas as armas e maneiras éramos rotulados de radicais e exagerados. Lembra?

O mordomo é a face mais aparente da culpa, claro.

Afinal ou é mordomo ou é vampiro, mas não é o único, ao menos, dessa vez.

Entramos num túnel do tempo virado para trás. Estamos retrocedendo, e, acredite, o retrocesso não será pouco, nem sanado com uma simples vitória da esquerda (se houver eleições).

E isso porque o retrocesso não é apenas político e econômico, é moral.

A moral da inocência de um país de todos, embalado pelo ideal sagrado da igualdade, se esfacelou, como o último prato de porcelana da vovó.

Não será fácil juntar os cacos.

E os cacos talvez nos tragam as respostas certas.

Foi por medo de junta-los quando acabou a última ditadura que os golpistas cresceram e se uniram na certeza da impunidade.

Foi por não querer fazer sangrar que agora nosso país sangra e continuará sangrando, por muito tempo ainda.

Que ao menos, da próxima vez, se junte os cacos, se punam os culpados, se faça justiça e se crie uma Lei que impeça os abusos midiáticos.



Prof. Péricles







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