quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PCB ou PC do B?

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi fundado em plena República Velha, em 1922.

Naquele momento histórico de euforia pela revolução bolchevique na Rússia (1917), predominava a idéia da internacionalização do comunismo, já que todos os trabalhadores do mundo deveriam se unir para enfrentar as contradições do capitalismo e realizar a revolução comunista internacional.

Entretanto, temos no Brasil dois Partidos Comunistas. Por que isso acontece? Qual a diferença entre ambos? Há diferença?

A divergência começou após a morte de Stalin em 1953. Seu sucessor, Nikita Krushev liderou, em 1956, o XX Congresso do PCUS (Partido Comunista da União Soviética) o qual acorreram partidos Comunistas de todas as nacionalidades. Nesse Congresso os crimes de Stálin foram, pela primeira vez, denunciados (pelo próprio Kreshev), assim como os descaminhos do partido que havia se afastado da ideologia e adotado um verdadeiro culto à personalidade de Stalin (coisa tristemente comum aos ditadores).

Das várias alterações emanadas daquele congresso estavam uma revisão de estratégias que afetavam a todos os comunistas militantes e simpatizantes, bem como seus respectivos partidos.

No Brasil essas mudanças foram discutidas no V Congresso do Partido. Foi então que um grupo de militantes, minoria no Congresso brasileiro, não aceitou suas deliberações inspiradas naquele XX Congresso do PCUS e liderado por João Amazonas abandonou o partido, fundando um novo PC e readotando o nome PC do B.

Portando o PCB foi fundado em 1922 (fará 90 anos ano que vem) e o PC do B foi fundado em 1962 (fará 50 anos ano que vem).

Luis Carlos Prestes, Olga Benário, são figuras ligadas ao PCB e não ao PC do B.

Desde que se afastou do PCB o PC do B foi cada vez mais se afastando da URSS.

Adotou a visão da revolução que começa no campo e tomava as cidades, valorizando a guerrilha rural como forma de luta.

Ligou-se inicialmente a China reconhecendo seu líder Mao Tse Tung como o grande timoneiro. Depois o timão passou para Enver Hoxha, líder da pequena Albânia.

O PC do B era a favor da luta armada contra a ditadura militar e organizou uma das mais belas páginas de resistência, a Guerrilha do Araguaia. O PCB era contra a luta armada e pregava a luta política para desgastar a ditadura e liderar a volta à democracia, mas nem por isso foi menos torturado e massacrado. Vide a “Operação Radar”.

O PC do B sempre criticou a expansão da revolução cubana, liderada por Ernesto Tche Guevara, esse sim, um mito do PCB.

Após a reabertura política essas diferenças se acentuaram mais.

Enquanto o PCB manteve sua visão estratégica original de denúncia e enfrentamento do imperialismo e do capitalismo, o PC do B adotou novas idéias de chegada ao poder através de alianças e de compromissos cada vez mais estranhos.

Infelizmente o PC do B hoje, é muito mais parecido com outro partido oficialista do que com um partido verdadeiramente comunista.

Enquanto o PC do B “ficou grandinho” tendo inclusive ministério no governo do PT (embora já tenha feito alianças aqui no RS até com o PDT de Alceu Colares), o PCB continua pequeno, mas na mesma trilha e na mesma esperança que embalou corações idealistas do passado. Talvez lhe falte as fortes lideranças mortas em combate.

Nos dias atuais, quando a mídia oficial aproveita os escândalos para dizer que todos os que chegam ao poder são corruptos e busca fazer crer que todo comunista é farinha do mesmo saco, é mais importante do que nunca, ratificar claramente essas diferenças para as novas gerações.

Prof. Péricles

domingo, 23 de outubro de 2011

A ELEGÂNCIA DA OTAN

Segundo Yahoo - Notícias o alto comissariado da ONU pediu uma investigação completa sobre a morte de Kadafi e a possibilidade de que o ditador tenha sofrido uma execução sumária.

Segundo Mohamed Sayeh, autoridade de alto escalão do CNT (a turma da transição até cair na real), o corpo de Kadafi continua em Misrata, para onde foi levado após sua morte, e será enterrado seguindo a tradição muçulmana, seu corpo será lavado e tratado com dignidade.

“Espero que ele seja enterrado em um cemitério muçulmano dentro de 24 horas” acrescentou.

Qualquer um que assistiu ao vídeo exibido no mundo todo via internet, sabe muito bem, o que aconteceu e como Kadafi foi morto.

Mas, é digno de nota e emoção o respeito que a ONU tem pela vida.

Que comportamento maravilhoso! Como são éticos os ocidentais!

Nós, os mocinhos vencemos mais uma, e aquele bandido desalmado do Kadafi teve o desplante de morrer só de sacanagem.

“Deve ser mais um truque desses muçulmanos sujos Bill”.

Só não entendi por que a ONU “pediu” uma investigação...

Desde quando a OTAN/ONU/Estados Unidos, tem que pedir algo?

Será que entre um míssel e outro eles pedem licença?
“Foi mal aí criançada, quem manda vocês brincarem onde caem nossas bombas?”

É por isso que eu digo, gente educada e elegante essa aí: mata, incendeia, inutiliza, tortura, destrói, mas tudo com educação e fino trato.

Coisas de civilizados, com certeza.

Nada de novo pra quem já jogou duas bombas nucleares em cidades repletas de habitantes, matando, só na explosão 180 mil pessoas.

E a Síria, que se ligue, mas isso deve ser só para o ano que vem, quando outro lote de armas caríssimas ameaçar ultrapassar a data de validade.

Prof. Péricles

domingo, 16 de outubro de 2011

AS CRIANÇAS DOS OUTROS - DIA DA CRIANÇA NO PARAGUAI

Campos de Acosta (Acosta Ñu, em guarani), 16 de agosto de 1869.

Assunção caiu e as tropas da Tríplice Aliança (praticamente apenas brasileiros) avançam pelo território paraguaio.

Angustiado, o general paraguaio, Bernardino Caballero recebe relatos do deslocamento de 20 mil inimigos, sob o comando do genro do imperador do Brasil, o Conde D’eu, em direção ao interior de seu país.

Caballero bate em retirada com sua tropa, mas, como toda retirada, sua retaguarda fica a descoberto.

Então, o oficial teve uma idéia: recrutar meninos de 6 a 12 anos e fantasiá-los como militares, com fardas, bonés, barba pintada com carvão e pedaços de pau simulando rifles.

Talvez, pensa ele, os brasileiros, julgando serem as crianças, realmente soldados adultos, percam tempo preparando um ataque, ou procurando negociar. Talvez, ainda, percebendo serem crianças, esquálidas e maltratadas pela guerra, providenciassem socorro, retardando a marcha.

Mas... não foi o que ocorreu.

Por ordem direta do Conde D’eu (um criminoso de guerra que beirava o sadismo), os meninos foram massacrados sem piedade. Centenas de mães, desesperadas, foram também decapitadas pelos oficiais da cavalaria brasileira.

Ao cair da noite, as trincheiras e as matas ao redor do campo de batalha foram incendiadas. Impávidos, o Alto Comando aliado assistiu o doentio espetáculo de gritos agoniados, choro infantil e corpos em chamas, como verdadeiras tochas humanas.

Poucos resistiram ao massacre.

Meses mais tarde, com a morte de Solano López, a Guerra do Paraguai, foi dada por encerrada. Em seu retorno ao Brasil, o Conde D’Eu foi aclamado como herói pelas ruas do Rio de Janeiro.

Na década de 1930, cinzas recolhidas no campo de batalha foram depositadas em uma urna coletiva no Panteão dos Heróis, onde são reverenciadas até hoje.

No Paraguai, em memória dos mártires de Acosta Ñu, o dia 16 de agosto foi eternizado como o Dia das Crianças.

Feliz Dia das Crianças!


Prof. péricles

NOSSAS CRIANÇAS 02

Na década de 60, antes do golpe militar, ocorre ampliação do número de organizações da sociedade civil, especialmente no âmbito sindical. Começa a haver a reivindicação de políticas sociais redistributivas, embora ainda não haja registro histórico de movimento organizado pela infância e pela adolescência.

Em 1964, já no primeiro governo militar foi criada a Funabem (Fundação Nacional do Bem Estar do Menor) que foi um marco da transição entre a concepção repressiva e punitiva para a concepção assistencialista.

Surge em 1979, ainda nos governos militares, o Segundo Código de Menores que incorpora a nova concepção assistencialista à população infanto-juvenil.

Com o retorno do país ao estado de direito, fervilhou em todos os setores o desejo de acrescentar avanços à nova Constituição que se elaboraria. Assim, é criado em 1985 o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, que, com a força de mais de um milhão de assinaturas impõem a discução da criança e do adolescente como sujeitos participativos.

O resultado foi a campanha "Criança Prioridade Nacional"e a formulação do artigo 227 da Constitução Nacional, promulgada em outubro de 1988, base para a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente), considerado um documento exemplar de direitos humanos..

Destaca-se ainda, a sanção da Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB que define e regulariza o sistema de educação brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição, em 1996 e a aprovação do Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente em 2003, entre outros avanços.

A criança, finalmente, não será mais vista como uma espécie de deficiente e sim como uma pessoa em situação peculiar de desenvolvimento.

O jovem deixa de ser uma espécie de propriedade dos pais desaparecendo a expressão jurídica "patrio poder" e trocando expressões perversas como crime e cumprimento de pena por ato infracional e medidas sócio-educativas.

Pela primeira vez, torna-se prioridade das políticas públicas e reconhecida como um cidadão, e não mais como um mini-adulto, um malfeitor em potencial.

Claro que tudo isso não significa apenas mudanças conceituais, mas em seus 267 artigos são delineados novos conceitos e procedimentos profundamente diversos das visões anteriores, punitivas e assistencialistas.

Essa nova visão ainda está se processando em nosso país.

Como toda mudança de concepção, necessita que as pessoas, em especial, as mais conservadoras, se adaptem, e entendam o novo.

Mas, as bases foram criadas. O caminho nós todos, temos o dever de trilhar.

NOSSAS CRIANÇAS

Na semana da criança, nada mais procedente do que refletir um pouco sobre o que já foi feito e o que se deve fazer em relação aos nossos pequenos.

A história de nossas crianças, reflete a nossa própria história de cidadania.

Até bem pouco tempo existiam no brasil “dois tipos de crianças”.

Os filhos dos ricos, considerados verdadeiramente crianças, e os filhos dos pobres, vistos como pequenos marginais em formação.

A esse segundo grupo as políticas públicas sempre se preocuparam com a prevenção contra o crime, com a punibilidade, onde os orfanatos viraram confortáveis soluções.

Durante o século XVI crianças e adolescentes abandonadas e marginalizadas, em Portugal, são trazidas para o Brasil para colaborar na aproximação com os índios e na catequese.

Mesmo na Europa, nessa época, criança era vista como mini-adulto e adolescência era uma coisa que simplesmente “não existia”.

No século XVIII surgem as primeiras escolas no Brasil. Praticamente todas administradas pelos padres jesuítas e vistas como espaço de disciplina, voltadas diretamente às crianças da elite.

Também no século XVIII surgem as “Rodas dos Expostos”, instrumento em que as mães depositavam seus filhos e faziam girar, como uma roda, fazendo que os pequenos ficassem para o lado dentro dos muros que cercavam alguma instituição (geralmente hospitais). Em seguida batiam num sino que serviam como alerta e desapareciam para sempre, enquanto alguma irmã de caridade recolhia o pequeno abandonado.

No século XIX, a partir de 1886 e da Lei Visconde do Rio Branco, multiplica-se o número de crianças abandonadas pelas ruas do país, fruto da “bondosa” Lei, também chamada de Lei do Ventre Livre, que torna livre os filhos, e apenas os filhos, não os pais, de escravos a partir dos sete anos de idade.

Já no século XX, em 1924, é criado o Tribunal de Menores, uma estrutura Jurídica muito mais preocupada com a punição às infrações cometidas por jovens, do que qualquer outra coisa.

Em 1927 é promulgado o primeiro Código de menores, conhecido como Código Mello Mattos, como um prolongamento do Tribunal de Menores.

A Era Vargas (1930-1945) trouxe algumas mudanças como, a criação do Ministério da Educação e da obrigatoriedade do Ensino Fundamental.

Mas, as mudanças realmente significativas surgem no final da década de 40, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela ONU e a criação do Fundo das Naçoes Unidas para a Infância (UNICEF).

Em 1950 a UNICEF se instala no Brasil, no estado da Paraíba, trazendo programas de proteção à saúde da criança e da gestante. Uma absoluta novidade em nossas terras.

Em 1959 é aprovada pela Assembléia Geral da ONU a Declaração Universal dos Direitos da Criança.

O mundo, e o Brasil, começavam a mudar seus olhar e a descobrir a criança e o adolescente.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

STEVE JOBS - MENSAGEM

"Lembrar que logo eu vou estar morto é a ferramenta mais importante que eu já encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas na vida.
Porque quase tudo, toda a expectativa exterior, todo o orgulho, todo o medo de dificuldades ou falhas, essas coisas simplesmente somem em face da morte deixando apenas o que é realmente importante.

Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de achar que você tem algo a perder.

Você já está nu. Não há razão para não seguir o seu coração.

Seu tempo é limitado, então não gaste vivendo a vida de outra pessoa.Não caia no dogma que é viver com o resultado do pensamento de outra pessoa.

Não deixe o ruído da opinião alheia sufocar a sua voz interior e mais importante tenha coragem de seguir seu coração e sua intuição, eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se tornar. TUDO MAIS É SECUNDÁRIO.”

Steve Jobs
(parte do discurso na formatura da turma da universidade de Stanford, em 2005, pouco após a descoberta do seu cancer no pâncreas)