sábado, 13 de dezembro de 2014

MEU BRASIL VARONIL


Ao longo da nossa história, o Brasil assistiu os mais horrendos massacres de brasileiros.

O crime dessa gente? Ser pobre e pretender uma vida mais digna dentro do seu próprio país.

O Brasil adora matar brasileiros e seu exército, se especializou em eliminar o “inimigo interno” da nação.

Entenda-se como “nação” a ordem dominante dos privilegiados. Das classes mais ricas e que detinham o poder econômico e político.

A Cabanagem, por exemplo, foi um movimento que aconteceu no Pará, entre 1835 e 1840. Foi uma típica revolta de pobre contra a sua própria miséria.

O nome do movimento vem dos seus protagonistas, gente miserável que habitava cabanas de palafitas, a beira dos rios e igarapés. O sentimento de abandono dos mestiços e índios foi o combustível que levou a tragédia.

Em meio ao abandono surge a idéia de independência de um país que não os enxergavam.

No início, os cabanos chegaram a tomar Belém e colocar um dos seus na presidência da província. Mas, o analfabetismo era um problema só superado pela desinformação e, aqueles brasileiros esfarrapados não sabiam o que fazer com o poder.

Contra a ousadia de gente tão “poderosa” o governo brasileiro usou a perícia de seu exército combinada até com forças mercenárias. O massacre foi imenso. Cerca de 40 mil mortos numa população de 100 mil habitantes, muitos, executados com as mãos amarradas.

A “paz” se impôs pelo sangue e pelo terror e o Brasil superou essa “grave ameaça” a sua integralidade territorial. A vida dos sobreviventes voltou à realidade das cabanas, da miséria e da malária.

Já em 1838 começava no Maranhão a “Balaiada”. Outro movimento de miseráveis revoltados contra o abandono do governo de seu país.

Seus líderes eram fazedores de balaios, artesão de mãos vazias e de estômagos famintos, Raimundo Jutaí, bandoleiro analfabeto e seus homens, Cosme Bento e um ex-escravo que comandava outros ex-escravos e escravos fugidos.

O maior crime dessa gente era ser contra o monopólio político de um pequeno grupo de fazendeiros que agiam como se fossem donos da província e das pessoas.

O governo brasileiros uniu o exército do Maranhão com exércitos de outras províncias sob o comando do heróico Luís Alves de Lima e Silva “o pacificador” que traria a paz dos cemitérios para a região.

A “guerra” terminaria em 1841 com mais de 12 mil sertanejos e escravos mortos, a morte de seus sonhos e mais uma vitória do glorioso exército brasileiro e da elite local por ele protegida.

Os massacres de brasileiros parece não perturbar a consciência nacional. Heróis são tratados como criminosos e bandidos como heróis.

A alegação de que o que aconteceu nos anos de chumbo da Ditadura Militar foi uma guerra é, técnica, moral e politicamente, insustentável diante da lógica dos fatos.

Numa guerra se enfrentam dois exércitos profissionais cujo ofício último é a preparação de seus componentes para a guerra. Tais exércitos são mantidos pelos impostos pagos pelos contribuintes, dispõem de toda a informação e a mobilidade oficial de um órgão do estado.

Nada sequer semelhante se aplica aos grupos guerrilheiros que lutaram contras as forças repressivas civis e militares da ditadura.

Dizer que o que houve foi uma guerra é a mesma coisa que chamar os massacres da Cabanagem e a Balaiada de guerra.

O Brasil é um país que confunde sua elite com nação, pobres com inimigos e massacres com guerras.

Uma juventude inteira que ousou lutar contra o fascismo hoje, é lembrada pelos que jamais tiveram coragem para sair as tocas, como bandidos e assaltantes de bancos.

Falta apenas transformar torturadores em nome de rua.

Assim caminha a covardia nacional.



Prof. Péricles

EDUCAÇÃO DE SUPERMERCADO


Por Antonio Carlos Vieira

Quando ainda era estudante, a estrutura da educação pública e particular era muito diferente do que existe nos dias atuais. Naquela época só existia o chamado Ensino Regular alias, nem se usava esse nome, já que era o único modelo existente. Da época que era aluno, até o dia atual foram aparecendo algumas mudanças interessantes.

No início, quando algum aluno não estava no mesmos nível que os demais colegas da mesma série, como por exemplo: enquanto a maioria já sabia ler sem soletrar as palavras e algum aluno estava fora deste padrão, ele era aconselhado a fazer banca e ter uma atenção maior dos professores, para que no final do ano ele passasse a ler sem a necessidade de soletrar as palavras. É claro que naquela época não existia tantos alunos por sala de aula e os professores tinham tempo de corrigir individualmente cada atividade dos alunos.

Com o passar do tempo, a profissão do professor passou a ser desvalorizada (o mesmo teve que passar a ter dois empregos para obter o sustento da família) e na maioria das vezes, houve um aumento no número de alunos por sala de aula. Isso impossibilitou a correção e a tomadas de lições individualizadas dos alunos. Como conseqüência, o número de alunos reprovados começaram a aumentar e ficarem atrasados e estudarem com idades consideradas fora do limites padrões para cada série escolar. Esta pequena mudança nesta falta de ajustamento dos alunos, fez surgir um exercito de alunos com idades um pouco elevadas para as série que estavam estudando. A escola passou a trabalhar como uma fábrica, se ensina determinado assunto, o aluno que aprendeu e acompanhou o desenvolvimento é aprovado para o ano letivo seguinte e os que não, eram reprovados e ficavam marcando passo na mesma série. O nome que dei a esse procedimento foi "Educação de Olaria". Você tem uma forma e sai batendo o barro para fazer o tijolo, os que saem torto (o aluno que não consegue acompanhar o assunto) é reciclado como um novo bolo de barro (reprovado) e é jogado na forma mais uma vez (repete a série) até que o tijolo saia na forma correta. Com o decorrer do tempo, os tijolos tortos passaram a aumentar de número e alguns passaram a não frequentar a escola.

Como fazer para que esses alunos passassem para a frente e desocupassem as salas de aulas para a chegadas de novos alunos? Muito simples, é só aplicar a dinâmica dos Supermercados. Quando uma mercadoria está encalhada é só fazer uma promoção, ou seja, foram criados os chamados pacotes (EJA, Acelera, Se liga, etc, “pague um semestre e leve dois”, ou seja, você estuda um semestre e está aprovado no correspondente a um ano letivo. Agora você tem garantido uma série anual pagando somente um semestre de estudo (antes para ser aprovado em uma série se estudava um ano). É claro que a idéia é fazer com que os alunos passem pelos bancos escolares o mais rápido possível para deixarem vagas para os novos alunos!

Atualmente, criou-se a chamada Avaliação de Desempenho. Só que uma Avaliação pode ser usada com várias finalidades e por motivos diversos. Sem falar que tem muita gente confundindo avaliação com normas de procedimentos e se criou uma tabela de normas (Tabela de preços existentes nos supermercados). Por quinze minutos de leitura em cada aula, o professor tem direito a um ponto, para cada debate em sala de aula, o professor tem direito a mais um ponto e assim vai. Dependendo como o professor cumpra as normas existentes nesta tabela, será considerado insuficiente ou não. Só que neste caso eles inverteram uma das regras do supermercado para incentivar os professores.

Nos supermercados, quando um funcionário é considerado bom, ele tem sua foto colocada em destaque dentro da instituição como colaborador do mês (isso para incentivar outros funcionários a trabalhar melhor) e no caso dos professores, será colocado em destaque os professores e alunos considerados insuficientes (ruins) e ficando as expostas e desmoralizados perante a instituição e comunidade freqüentadora da mesma, ou seja, em vez de criarem incentivos estão tentando desmoralizar os professores.

Para o futuro, está transitando no congresso, um projeto que amplia o número de 200 dias letivos para 220 dias! Quando resolveram que os supermercados iriam abrir aos domingos usaram de vários argumentos de melhoria (não consultaram os funcionários) e que os trabalhadores não seriam prejudicados e que seriam criados novos postos de trabalhos. Os trabalhadores passaram a trabalhar aos domingos sem terem um centavo a mais nos seus salários, as folgas estão sendo tiradas nos dias da semana (o chefe escolhe o dia), e não se tem notícia de se ter criado um único posto de trabalho por tal iniciativa. Os dias letivos serão aumentados em vinte dias, mas, os salários dos professores continuaram os mesmos!

O inconveniente, é que outrora foi aumentado os números de dias letivos e mesmo assim não houve melhoria de qualidade de ensino, pelos simples motivo: a educação só irá melhorar quando se mudarem a maneira, organização e estrutura, esquecerem que escola não é fábrica ou supermercado e houver os investimentos necessários para tal fim.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O PESCOÇO DO BRASIL


por: Saul Leblon

Negros desarmados mortos por policiais brancos compõem um postal da identidade norte-americana. São standarts, como as freeways, a CIA, a Coca-cola de uma sociedade plasmada pelo capitalismo mais exitoso do planeta. Nela, o condutor de um carro velho recebe, por definição, o carimbo de ‘looser’ (perdedor). Pela mesma razão que um negro pobre é suspeito e passível de ação policial, até prova em contrário.

O negro Eric Garner, vendedor ambulante em Nova Iorque, asmático, 43 anos, não teve tempo, nem ar, na semana passada, para provar quem era. Garner avisou ao policial que comprimia seu pescoço com uma chave de braço, que não estava conseguindo respirar. Fez isso 11 vezes. Até morrer.

Negros formam 13% da população norte-americana; representam mais de 40% da massa carcerária; algo como um milhão em um total de 2,5 milhões.

Prisões em massa e mortes, nada disso é novidade para eles nos EUA. A novidade diante da rotina são os protestos que ela vem provocando exatamente quando a recuperação econômica faz de 2014 ‘o melhor ano em termos de criação de empregos desde 1999’, garante o Wall Sreet Journal, desta 2ª feira.
Por que raios, então, Garner vendia cigarros ilegalmente nas ruas, como suspeitou a batida policial que o levou à morte?

Seis anos após o colapso de 2008, a lucratividade dos bancos norte-americanos registra recordes sobre recordes, trimestre após o outro. Em contrapartida, a subutilização da força de trabalho –indicador que soma emprego parcial e desistência de buscar vaga, como deve ter sido o caso de Garner - atinge assustadores 13%.

Na maior economia capitalista da terra, metade das vagas criadas no pós-crise é de tempo parcial, com salários depreciados.

O fato de os EUA terem um salário mínimo congelado há 15 anos, diz muito sobre a natureza dessa chave de pescoço econômica, que joga milhões de Garners para o submundo dos loosers.

O conjunto sugere que a presidenta Dilma terá que analisar detidamente cada medida de aperto fiscal que lhe for apresentada pela nova equipe econômica.

Os sinais de alarme desta 2ª feira justificam a prontidão.

As exportações chinesas cresceram a metade do esperado em novembro (4,7% contra 8%); o PIB do Japão caiu mais que previsto no 2º trimestre e a possante máquina germânica rasteja tendo registrado uma expansão de apenas 0,2% em outubro. Tudo isso explica que o barril de petróleo custe hoje 40% menos e que as cotações das commodities agrícolas exportadas pelo Brasil valham, em média, 13% abaixo do patamar de 2013.

A sabedoria dos especialistas é insuficiente para conduzir um país a salvo por esse desfiladeiro emparedado entre a queda das cotações das commodities, de um lado, e a sinalização de alta dos juros, do outro.

O cerco conservador agora reflete o faro da matilha para um novo ciclo de vulnerabilidade da presa.

O caminho das pedras terá que ser modulado e ordenado pela mobilização e o engajamento dos principais interessados na preservação do rumo mais equitativo seguido até aqui: os sindicatos, os movimentos sociais e os partidos do campo progressista.

O Brasil tem forças sociais estruturadas.

Suas centrais sindicais que, finalmente, se reuniram com a Presidenta Dilma, nesta 2ª feira, preservam certa capilaridade.

Nos últimos doze anos, o país foi dotado de sólidas políticas sociais, ademais de estruturas de Estado para ampliá-las.

O conjunto permite à Presidenta Dilma negociar rumos e metas do desenvolvimento com a sociedade, preservando-se o mercado de massa, mesmo em um intermezzo de reacomodação fiscal.

Há um requisito, porém: o timming das iniciativas de governo – de qualquer governo – faz enorme diferença.

Uma crise tem um tempo certo para ser derrotada, ou derrotará o governo, a produção, o emprego e os atores que vacilarem diante dela.

Nisso, sobretudo nisso, Franklin Roosevelt revelou-se o estadista cuja habilidade ainda tem lições a oferecer aos seus contemporâneos.

Em apenas uma semana após a sua posse, em 1933, ele tomou algumas decisões que não exorcizaram todos os demônios, mas foram afrontá-los em seu próprio campo.

Os tempos são outros; as agendas precisam ser renovadas, mas nada justifica ofuscar o componente de coragem do passado para dissimular a tibieza no presente.

A calibragem fina entre a barbárie e a emancipação de uma sociedade não está prevista nos manuais de economia.

Se não dilatar o espaço da política na condução da economia no seu segundo mandato, a presidenta Dilma corre o risco de acordar um dia com uma chave de braço atada ao pescoço do país.

E perder o que já tem.

Sem obter o que a ortodoxia lhe promete entregar.

Texto original: CARTA MAIOR

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

CONSUMINDO SUA ALMA




Quando surgiu, o capitalismo representava esperança.

Depois deuma vida miserável que se contam aos séculos, os pobres do período feudal viram nas mudanças que o comércio poderia trazer a grande chance de uma vida melhor.

Junto com a esperança, entre os séculos XII e XIV o mundo passou pelas dores do parto de um novo mundo.

As Cruzadas e seus absurdos desumanos, as infindáveis guerras feudais. A Inquisição assassina. A peste Negra. A fome.

Às dores do parto seguiu-se a alegria da infância do capitalismo, representada pela volta do comércio a longa distância, o surgimento dos bancos e seguradoras. As Letras de câmbios. Os cheques. E o Renascimento.

Ah! O renascimento! A ideia de um mundo mais humano, feito por humanos, fazendo renascer a crença no homem e na possibilidade de construir o seu destino.

Tudo indicava estar o mundo trilhando novos caminhos de paz e de felicidade. O trabalho servil foi abolido, o Rei unificou o estado e centralizou a promessa de prover o bem comum. Martinho Lutero e outros homens notáveis repensaram os velhos paradigmas de uma igreja coberta de corrupção. E finalmente, o ápice da fé num mundo novo: As grandes Navegações.

O mundo “cresceu em tamanho” como nunca. Novas terras. Novos continentes, culturas... riquezas.

Não se sabe ao certo quando a esperança desapareceu. Talvez tenha sido numa caravela que afundou em alguma tempestade noturna. Ou morreu náufraga em uma ilha perdida. O certo é que a esperança deu lugar à cobiça. As novas culturas foram esmagadas pelos interesses de exploração econômica. O holocausto indígena nas Américas foi o maior suplício já perpetrado racionalmente pelo homem.

Num último suspiro, a esperança ainda tentou voltar através das luzes dos iluministas. Mas, definitivamente morreu na Revolução francesa que fez nascer, não o mundo dos iguais, mas o mundo dos burgueses, que, definitivamente, já não eram tão iguais assim, ao trabalhador.

Este, o trabalhador, perdeu não só a esperança, mas também as ferramentas e o conhecimento do que produzia a partir da revolução industrial, que desarmou o artífice e o transformou em uma massa disforme que só servia ao trabalho duro, sujo e desesperado, talvez mais desesperado que o trabalho servil.

E a fraternidade foi guilhotinada, como Graco Babeuf e sua “Conspiração dos Iguais”.

As classificações pessoais não mais se davam por nascimento e propriedade de terra, mas por classes sociais, onde o “ter”, muito mais do que o “ser” era balizador das diferenças.

Ao longo de 9 séculos o capitalismo trouxe promessas e forjou engodos.

O próprio conceito de democracia foi uma fraude, anunciando um governo de todos que jamais aconteceu, pois, na prática sempre representou os interesses econômicos dos poderosos, seus verdadeiros sócios no poder.

A independência misturada com livre iniciativa econômica. A igualdade social substituída pela concorrência. Liberdade confundida com liberal.

Se é verdade que foi a concorrência que impulsionou as transformações técnicas e científicas, não é menos verdade que ela se cristalizou nas almas das criaturas criando um mundo baseado na concorrência e nas aparências, pois no mundo onde ter vale mais do que ser, se representa e se vive de aparências.

O lucro tornou-se o Deus onipotente em todas as relações humanas e seu altar, algo etéreo definido como “mercado”, que pode ser uma rua ou mesmo o mundo inteiro. O Japão, ou teu próprio coração.

No gênese do capitalismo, a propriedade privada foi feita no primeiro dia e é o sopro de toda vida. Privatiza-se o lucro e socializa-se a dor.

E tudo se tornou consumo. O homem que a tudo consome e pelo consumo é consumido, gasta-se nos dias no trabalho árduo que não o enriquece, mas enriquece a quem detém os meios de produzir o lucro. E trabalhando não vê as pequenas coisas em sua volta que são grandes, como o sorriso do filho que não viu crescer porque estava trabalhando.

Todas as guerras se tornaram mercantis. Se antes se usava o nome de Deus para estimular os guerreiros à morte, agora se usa conceitos como pátria e nação.

O mundo progrediu materialmente como nunca antes na história humana.

A eletricidade iluminou o planeta. Os meios de transportes o tornaram menor. Os de comunicação nos aproximaram com a velocidade de um clic.

Somos hoje 7 bilhões de pessoas. Nunca fomos tão rapidamente informados. Nunca tivemos tantas ofertas tecnológicas.

Já fomos à lua, chegamos a Marte. Transplantamos órgãos e a expectativa da vida orgânica não para de crescer.

Mas a vida da alma não para de secar. E nunca, nem mesmo nos vazios desertos do período escravagista, ou nos perdidos feudos do senhor, nunca estivemos tão sós.

Mais de 15% da população mundial é dependente de alguma droga química. Mais de 20% sofre de depressão. Nunca o suicídio foi tão recorrente. Mas, no mundo do capital, tudo é produto, e tudo isso gera milhões em antidepressivos e em outras bengalas.
Guetos e favelas multiplicam-se, e a fome, a mais antiga das tragédias, ainda mata aos milhões.

Em vez de suprir as necessidades humanas, criam-se novas, todos os dias, porque a toda necessidade segue-se um produto a ser vendido e gerar lucros.

O capitalismo criou mercados. Diversificou produtos. Iluminou. Iludiu. Ruiu na crise de 1929 na Bolsa de Nova York mas se reergueu na Segunda Guerra Mundial, porque essa é sua lógica e seu segredo.

Lamenta-se as experiências de Mengele mas se usa o resultado de sua morbidez. Lamenta-se Yroshima e Nagasaki, mas graças a ela investiu-se milhões de bilhões em armamentos.

O capitalismo é o sistema que matou o feudalismo, prometeu paz e prosperidade, criou milagres, mas, em momento algum de nossa história foi capaz de criar uma sociedade justa.

E a quem duvida, basta abrir a janela, ou seus olhos, se necessário, o coração. Ouça as vozes dos miseráveis. Não se repugne com crianças remelentas debarriga inchada devermes e condenadas a morte, ou do corpo ou do espírito pelo abandono.

Não se assuste. Também se morre de solidão, talvez mais do que de câncer.

O capitalismo trouxe tudo, mas não trouxe nada.

E nós que consumimos tudo, nos consumimos aos poucos, perdemos tudo, ou perdemos nada, porque, na verdade, nunca tivemos.


Prof. Péricles
Para minha amiga Prof. Maria Alice


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

CONFIRMADO, PAPAI NOEL EXISTE



“Papai Noel,
Moro com minha vó e meu vô, meu pai faleceu quando eu tinha 4 anos gostaria de ganhar um boneco do Bem 10. Obrigado”

“Querido papai Noel meu nome é Giovani e eu tenho 10 anos e o meu sonho é ganhar os materiais escolares se você me der eu agradeço muito. Muito Obrigado”.

“Papai Noel, gostaria de ganhar para o meu filho de 10 meses uma galinha pintadinha de pelúcia. Pois estou desempregada no momento e não tenho condições de comprar esse presente para ele. Obrigada.”

“O Samuel tem atraso mental é como se ele tivesse 8 anos. Ele precisa de roupa ele é gordo usa roupa tamanho M adulto, calça chinelo 39, 40. Sou vizinha. Obrigado papai Noel.”

“Papai Noel minha casa pegou fogo e minhas coisas queimaram tudo. Moro com minha mãe numa casa emprestada. Por favor, Papai Noel queria uma bicicleta. Obrigada.”

“Oi Papai Noel, fui uma boa menina o ano todo agora espero ganhar uma bicicleta cor de rosa. Meu pai foi embora e minha mãe cuida de uma criança mais ganha muito pouco. Beijo”.

Milhares de cartas assim foram enviadas para os Correios.

Podemos ser o papai Noel, nesse natal.

É ali, na rua Sepúlveda, na Praça da Alfândega.

A entrada é por uma porta lateral que dá para um amplo salão, onde funcionários atenciosos encaminham os visitantes para cadeiras confortáveis. Eles trazem quantas cartas forem solicitadas e deixam sobre mesas para que, à vontade, seja feita a leitura e de acordo com as suas possibilidades, cada visitante escolha aquelas que serão atendidas.

Todas as cartas são numeradas e cada um leva as que escolheram. O correio fica com o nome e o número da carta. Ali mesmo serão recebidos os presentes até o dia 13. O Correio faz o resto.

Simples e fácil. Porém, de um significado imensurável para cada remetente.

Vamos lá. Mexa-se.

Finalmente, depois de tanto tempo achando que foi enganado pelos pais, você pode descobrir que Papai Noel existe sim... é você.

Não há dinheiro que pague um sorriso de uma criança.

Prof. Péricles

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O CONFLITO É A SOLUÇÃO?




Por Max Diniz Cruzeiro


Seres humanos são por natureza complexos e quando planejam realizar uma necessidade e este desejo é satisfeito, logo procuram outra ocupação mental para ajustar a mente a uma insaciedade em ocupar o intelecto pela busca de algo que ainda não detém.

Portanto a natureza egoísta do homem é geradora de problemas. Os problemas por sua vez desencadeiam conflitos. Os conflitos são a principal forma de entretenimento que a grande maioria dos seres humanos ocupa seu espaço interior na formação do pensamento cotidiano.

A questão é saber por que a orientação da ocupação da reflexão mental deve estar embasada dentro desta métrica que distancia o homem da realidade que o cerca para fazer com que ele se detenha mais vezes sobre a construção de um projeto de vida idealizado?

Será mesmo que a semântica na elaboração do conflito induz a uma solução para algo que o indivíduo dependa para sua sobrevivência?

Não existiria outro molde de conduta mais célere e inteligente que a indução de estados cada vez mais alterados geradores de estresse e tensão para aproximar os pensamentos vitais e mais importantes que extraímos da mente pelos processos de alocação mnemônica?

A busca incessante por algo exterior toma parte de nosso tempo indefinidamente enquanto vivemos e os alicerces de uma vida acabam por se confundirem com a apropriação do que agregamos em termos de elementos da natureza que conseguimos aproximar de nós na projeção de nossas vidas.

A oportunidade de um estado psíquico de mudança que um objeto ou ação possa promover dentro de nós geralmente é observada como uma metalinguagem que ao acessar nosso inconsciente vasculha as entranhas de nossa psique para encontrar aquelas informações que poderiam ser mais bem desenvolvidas. Como resultado canalizamos para dentro do intelecto, tais dados, de forma a gerar uma retenção de nossa habilidade em satisfazer um anseio de que tais informações possam migrar nosso consciente para zonas de conforto mais prolixas em que o ganho de escala interior é percebido quando a sensação despertada prolifera um bem-estar capaz de provocar um relaxamento corpóreo, em que um estado alterado nobre de consciência gera estímulos de prazer que são distribuídos na forma de um orgasmo neural.

Quando um indivíduo gera um problema, ele está dizendo ao cérebro que aqueles elementos despertos em seu consciente encapsulados na mente necessitam ser satisfeitos para que as informações vitais que eles coordenam sejam encaixadas para que possam compor estruturas cognitivas na forma de circuitos que permitam o desenvolvimento deste ser humano.

É uma forma inteligente do organismo de se condicionar a desencadear reações que venha a necessitar quando satisfeitas algumas estruturas de comandos que fazem parte de um processo volitivo em que coordenamos como nosso corpo deverá reagir diante das transformações do ambiente sobre nós mesmos.

Uma vez que o “problema” é formado no intelecto. Então surge o paradoxo do conflito. Em que o indivíduo se condiciona a tentar juntar as peças do grande quebra-cabeça que conseguiu colocar em sua fronte para fazer dele um instrumento para perseguir como um “objetivo hipotético” de satisfazer uma “equação” que permita encaixar todas as peças até encontrar a solução desejada.

Enquanto a solução para um problema não é encontrada, a situação que surge é de formação de um caos sistêmico em que o pensamento semântico é gerado concomitantemente e continuamente, a fim de buscar aquelas informações necessárias para que a zona de conflito fique cada vez mais diluída para que as peças possam ser fusionadas.

E o que seria a solução para o conflito já que este é a solução para o problema?

A solução para o conflito é a satisfação de uma métrica, que se baseia em uma implementação para a realização de uma manifestação de uma vontade definida e própria de um indivíduo. Nós condicionamos a desencadear reações apenas quando um conflito nos faz mover dentro de uma escala de motivação que nos unem a um evento neural que gere um circuito biológico como consequência vital para nossos atos e ações cotidianas.

A internalização do que conseguimos transmutar de energia para nossos corpos na forma de aprendizado que se incorpora a nossa estrutura de DNA na forma de encapsulamento de dados dentro do código genético é a grande resultante deste mecanismo de acoplamento de informações.

O problema uma vez gerado não pode ser fonte de sofrimento do indivíduo quando ele se utiliza deste recurso cognitivo para transmutar elementos para a formação de uma estrutura “espiritual” que quiçá venha a se perpetuar após a morte.

Nem sempre o conflito é uma fonte geradora de sofrimento. Convém lembrar que a condução não refletida de forma correta de nossa vontade sobre os aspectos que coordenamos internamente são responsáveis pela absorção equivocada dos sinais que não são convertidos em elementos essenciais que fusionem as partes ou peças do grande quebra-cabeça esboçado acima.

O sofrimento na forma de externalizar algo árduo, punitivo, taxativo, proibitivo,... além de causar males para o organismo por produzir abortos da natureza, são excitatórios de estados alterados de consciência que nos afastam cada vez mais de nossos reais desejos e expectativas de realizações.

Então, seria mesmo o conflito a solução para o problema? Ou a forma de bem gerir a necessidade do problema, o elemento iniciador da volição de nossos estados mentais, para a geração de soluções-circuitos que integrem e fusionem nossa essência as verdadeiras coisas que nos movimentam?

Neurocientista Clínico
Psicopedagogo Clínico