sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O VICE TRAIDOR E O TRIUNFO DA VERDADE


Contam que, certa vez, um sheik caiu em desgraça e perdeu o poder para seu vice traidor. Para piorar ele foi a julgamento acusado de traição contra seu próprio povo e se condenado a pena era a execução por enforcamento, mas, se absolvido recuperaria o poder.

O sheik defendeu-se acusando o vice traidor (que era realmente o culpado) e o julgamento foi feito em cima de ambas as acusações, o sheik acusava o vice traidor e o vice traído acusava o Sheik.

O julgamento de cartas marcadas ia se desdobrando cada vez pior para o sheik já que não havia provas contra ele, mas muita convicção, quando o juiz (cadi, entre os árabes) que estava mancomunado com o vice traidor, quis dar uma de justo e entrar para a história como imparcial.

Disse o juiz que Alá todo poderoso era infinitamente justo e por isso, ele iria colocar os nomes do sheik e do vice em tirinhas de papel diferentes e o próprio sheik iria “sortear” o nome do criminoso.

E assim foi feito, o nome de cada um foi escrito em papéis separados pelo próprio juiz corrupto, que depois de devidamente dobrados foram levados ao sheik, numa bandeija, no banco dos réus para que ele mesmo escolhesse o papel que apontaria o nome do culpado. Alá seria clemente e justo e moveria a sua mão.

Intimamente os golpistas sorriam, pois, o juiz escrevera o nome do sheik em ambos os papéis e, portanto, independentemente de sua escolha o nome sorteado seria o dele.

A plateia em suspense assistia a tudo convocada como  testemunha sem nem desconfiar do truque do juiz. Mas o sheik sim, sabia que qualquer das tirinhas que escolhesse, teria o seu nome.

Então o sheik levou a mão até um dos papelotes e o escolheu, mas, num gesto inesperado, o engoliu.

Maior sururu na plateia.

E disse o sheik ao público, “fiz a minha escolha e a única maneira de saber o nome que ele continha é abrir o papelote que sobrou.

Obviamente, o papelote lá estava escrito o nome do sheik de onde se deduziu que a folha que apontava o culpado e fora engolida por ele era o nome do vice traidor.

O sheik recuperou o poder e o vice traidor foi enforcado.

Às vezes a única forma de derrotar os espertos é sendo mais esperto que eles e partindo também para os truques, deixando a forma polida de lado.

Está faltando esperteza da esquerda nesse golpismo medíocre da direita.

Lula deveria fazer algo parecido quando acusado por um cadi inescrupuloso capaz de escrever seu nome como culpado, mesmo sem provas, nos dois papéis e deixar de investigar o nome dos outros, mesmo sendo estes, várias vezes delatados.




Prof. Péricles

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

OS GOLPES DE CLASSE NO BRASIL


Por Leonardo Boff

Entre o golpe de 1964 e o golpe de 2016 há uma conaturalidade estrutural. Ambos são golpe de classe, dos donos do dinheiro e do poder: o primeiro usa os militares, o outro o parlamento. 

Os meios são diferentes mas o resultado é o mesmo: um golpe com a ruptura democrática e violação da soberania popular.

Vejamos o golpe de 1964. René Armand Dreifuss em sua monumental tese na Universidade de Glasglow: “1964: a conquista do Estado, ação política, poder e golpe de classe” (Vozes 1981), um livro de 814 páginas das quais 326 são de documentos originais, deixou claro: “o que houve no Brasil não foi um golpe militar, mas um golpe de classe com uso da força militar”(p.397).

O assalto ao poder de Estado foi tramado pelo general Golbery de Couto e Silva utilizando-se de quatro instituições que difundiam a ideia do golpe: o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), o Grupo de Levantamento de Conjuntura (GLC) e a Escola Superior de Guerra (ESG). O objetivo manifesto era: “readequar e reformular o Estado” para que fosse funcional aos interesses do capital nacional e transnacional. Eis o caráter de classe do golpe.

O assalto ao Estado se deu em 1964 e severamente em 1968 com repressão, tortura e assassinatos. O regime de Segurança Nacional passou a ser o Regime de Segurança do Capital.

Para o golpe de 2016 temos uma minuciosa investigação do sociólogo e ex-presidente do IPEA Jessé Souza “A radiografia do golpe” (Leya 2016). Semelhante ao golpe de 1964, Jessé desvela os mecanismos que permitiram a elite do dinheiro a ser a “mandante” do golpe, realizado em seu nome pelo parlamento. Portanto, trata-se de um golpe de classe e parlamentar.

Jessé enfatiza além disso “que todos os golpes, inclusive o atual, são uma fraude bem perpetrada dos donos do dinheiro, que são os reais ‘donos do poder”. Quem compõe essa elite? “A elite do dinheiro é antes de tudo a elite financeira, que comanda os grandes bancos e fundos de investimento e que lidera outras fracções de endinheirados como a do agronegócio, da indústria (FIESP) e do comércio, secundada pelos meios de divulgação que distorcem e fraudam sistematicamente a realidade social como se fosse “terra arrasada e país falido” , escondendo os interesses corporativos por trás da fraude golpista.

O motor de todo o processo, reafirma Jessé, é a voracidade da elite do dinheiro de se apropriar da riqueza coletiva sem peias, com outros sócios como a mídia ultra-conservadora, o complexo jurídico-policial do Estado e parcela do STF (pense-se em Gilmar Mendes).

O processo de impeachment foi parar no Senado. Este promoveu a destituição da Presidente Dilma por crime de responsabilidade fiscal. Os principais juristas e economistas, além de notáveis testemunhas nas oitivas e os relatórios oficiais de várias instituições, negaram rotundamente a existência de irresponsabilidade. 

A maioria dos senadores nem se deu ao respeito de ouvir as oitivas de especialistas altamente qualificados pois já haviam tomado previamente a decisão de depôr a presidenta.

O áudio vazado entre Romero Jucá, ministro do planejamento e o ex-diretor das Transpetro Sergio Machado, revela a tramóia: “botar o Michel num grande acordo nacional com o Supremo e com tudo; aí pára tudo…e estanca a sangria da Lava Jato.” Um dos motivos do golpe era também livrar do braço da justiça os 49 senadores, sobre 81, indiciados ou metidos em corrupção. Desta forma, com exceção dos valorosos defensores de Dilma, esse tipo de políticos, sem moral, decidiram depor uma mulher honesta e inocente.

Condenar sem crime é golpe. Golpe de classe e parlamentar. Golpe significa violar a constituição e trair a soberania popular por força da qual Dilma Rousseff se elegeu com 54 milhões de votos.

Ontem em 1964 e hoje em 2016, seja por via militar seja por via parlamentar, funciona a mesma lógica: as elites econômico-financeiras e a casta política conservadora praticam a rapinagem de grande parte da renda nacional (Jessé aponta 71.440 pessoas, apenas 0,05% da população) contra a vida e o bem-estar da maioria do povo, submetido à pobreza. Boa parte do Congresso é cúmplice deste golpe. Nele majoritariamente vigora a mesma intencionalidade estrutural de garantir o status quo que favorece seus privilégios e seus ganhos.

O projeto do PMDB “Uma ponte para o futuro” de um deslavado neoliberalismo de enrubescer, revela o propósito do golpe: reduzir o Estado, arrochar salários, liquidar com a política de valorização do salário, cortar gastos com os programas sociais, privatizar empresas estatais, especialmente o Pré-Sal, desvincular despesas obrigatórias da saúde e da educação, reduzir ao mínimo tudo o que tem a ver com a cultura, direitos humanos, mulheres e minorias. 

O ministério é constituído por brancos e em grande parte acusados de corrupção. Não há mulheres nem negros e representantes das minorias.

Temos a ver com um espantoso retrocesso politico-social, agravando a desigualdade, nossa perversa chaga social, e esvaziando as conquistas sociais de 13 anos dos governos Lula-Dilma,

Há resistência e oposição multitudinária nas ruas, de fortes grupos sociais e de intelectuais que não aceitam um presidente conspirador e sem credibilidade. A solução seria eleições gerais e mediante a soberania popular se escolheria um novo presidente que de fato representasse o país.



Leonardo Boff, pseudônimo de Genézio Darci Boff, teólogo, escritor e professor universitário expoente da Teologia da Libertação no Brasil e conhecido internacionalmente por sua defesa dos direitos dos pobres e excluídos.



segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O JOGO POLÍTICO E UMA GOLEADA HUMILHANTE


No eterno jogo entre direita e esquerda, em partida recente a esquerda está perdendo e feio.

E o pior é que não é uma derrota simples e suportável. É uma goleada humilhante.

Vínhamos de uma vitória de 4 a 0 com duas eleições de Lula e duas de Dilma e a direita estava raivosa e mal-amada.

Começamos perdendo de 1 a 0 por um gol inevitável e fruto de nossa própria história social escravagista e de golpismos de todos as horas: o predomínio do conservadorismo e desinformação de nosso povo. 

Embora fosse um gol inevitável ele se deu com requintes de crueldade já que a direita usou e abusou do fascismo e seus dribles de movimentos falsos, para seduzor os reacionários.

O segundo gol foi devido a estupidez de nossa defesa que não leu corretamente a jogada: O Mensalão. Não tivemos qualquer protagonismo ao permitir que pessoas como Zé Dirceu fossem presas, sem provas. Era o sinal que a direita precisava para sua tática usada no segundo tempo, do “domínio do fato”.

Os 3 a 0 vieram com a Lava a Jato, graças a falta de compreensão do lance, do nosso treinador.

Uma operação policial partidarizada que nunca, mas nunca mesmo, foi imparcial, foi vista, pela pobre equipe técnica do nosso time, como algo sério e que vinha realmente para combater a corrupção. Mas a Lava a Jato nunca combateu nem pretendeu combater a corrupção. Foi feita apenas para atingir o PT, Lula e a presidenta, e pasmem, continua sendo defendida por elementos da esquerda que dessa forma já deixaram de ser ingênuos para serem retardados mesmo.

A Lava a Jato que de tão despótica criou figuras abjetas como o “Japonês da Federal” jogou livre e sem marcação do ministro da defesa que permitiu uma soberba execrável de subordinados inebriados pelo poder de atuação que nunca tiveram antes.

Enquanto nosso treinador jamais lançou mão do banco de reservas (os movimentos sociais), o treinador deles (a imprensa) sobrava em esperteza e blefes vitoriosos. A goleada humilhante era agora, inevitável.

O quarto gol foi o deplorável impeachment de uma presidente sem nenhuma prova de cometimento de qualquer ato ilícito. Lembra do “domínio do fato” lá atrás ?

O quinto gol foi a ridícula encenação para justificar uma denúncia-crime contra Lula, numa tabelinha perfeita entre o Juiz que coordena a Lava a Jato e a histeria coletiva do anti-lula.

Vamos reconhecer, todos os gols foram tramados em jogadas ensaiadas.

Infelizmente, estamos no apagar das luzes da partida e ainda vamos tomar o sexto gol com a prisão e/ou ilegibilidade de Luís Inácio.

Não tivemos uma só vitória pessoal. Nenhuma concessão. Assistimos o adversário passear em campo e terminaremos a partida sendo íntegros e verdadeiros, mas tapados e derrotados sem fazer nenhum gol de honra.

A esquerda jogou o jogo conforme as regras da democracia e acreditou na reciprocidade. Puro engano. Para a Direita a única regra que vale é assumir o poder no final do jogo.

Dizem que a Ditadura Militar brasileira não terminou ao fim do governo Castelo Branco e se cristalizou em torturas e atentados aos direitos humanos devido a apatia e falta de resistência ao golpe. Não houve Campanha da Legalidade 2, o Presidente renunciou e foi embora e nem foi preciso acionar a Operação Brother San. Segundo alguns analistas os golpistas não acharam isso bacana, ao contrário, viram os democratas como uns bunda-mole facilmente derrotados e por isso um inimigo que não merecia respeito.

Se isso for verdade o golpe atual tende a parir um novo período negro em nossa história, não militar, mas, elitista e fascista.

Resta chorar a goleada e esperar uma revanche... que ela não demore 21 anos pois golpistas costumam se agarrar ao poder e são, ao contrário da esquerda, competentes para mantê-lo.



Prof. Péricles





domingo, 25 de setembro de 2016

O ISLAMISMO É PACÍFICO?

Por Mario Guerreiro


“Burkini” é uma nova palavra composta de burka e biquíni. Foi empregada para denominar o traje de banho de mar das muçulmanas. Na realidade, o nome burka aqui é inadequado, porque ela cobre todo o rosto, só deixando buraquinhos para os olhos. No burkini, as mulheres se cobrem da cabeça aos pés, deixando o rosto de fora.

Nas Olimpíadas de 2016, ocorreu um jogo de vôlei feminino entre as seleções da Alemanha e do Egito. Um fotógrafo captou um momento bastante insólito: uma disputa na rede entre uma alemã usando um biquíni – como sói ocorrer em todas as seleções ocidentais – e uma egípcia usando uma roupa semelhante ao burkini.

Essa foto circulou pela Internet com um título adequado: CONFLITO DE CIVILIZAÇÕES (em alusão ao excelente livro de Samuel Huntington, do mesmo nome).

Os muçulmanos nunca levaram em consideração o famoso dito da Antiguidade: “Entre os romanos, comporte-se como um romano, entre os gregos como um grego, e entre os persas como um persa”. Por isto mesmo, as muçulmanas iam à praia em Cannes (França) do mesmíssimo modo como iriam no Marrocos, na Líbia e demais países muçulmanos.

Mas, recentemente, o prefeito de Cannes baixou uma lei proibindo o uso do burkini nas praias. A comunidade muçulmana fez veementes protestos, como aqueles feitos no Brasil quando o Presidente Jânio Quadros proibiu a briga de galos e o biquíni.

No entanto, em suas alegações a favor da proibição, o Prefeito de Cannes considerou a coisa mais como um gesto simbólico: alegou que aquele traje era na realidade um ultraje, uma clara provocação dos costumes ocidentais, exatamente como seria uma provocação aos costumes muçulmanos uma mulher ocidental ir à praia de biquíni num país muçulmano.

Acho que se uma ocidental imprevidente resolvesse ir de biquíni à praia num país muçulmano, na melhor das hipóteses ela seria imediatamente presa e levaria umas dez chibatadas. E na pior, seria apedrejada pelos próprios banhistas muçulmanos.

O Prefeito de Cannes agiu de modo semelhante ao Primeiro-Ministro da Dinamarca. Quando a comunidade islâmica reivindicou a construção de uma mesquita na Dinamarca, respondeu: “Podem construir, contanto que vocês aceitem a construção de um templo cristão num país muçulmano”.

O que está em jogo aqui em ambos os casos é a regra da reciprocidade: um grego na Pérsia deve se comportar como um persa, e um persa na Grécia deve se comportar como um grego.

No entanto, os muçulmanos desconhecem essa regra da boa convivência. Se um ocidental vai para um país muçulmano, geralmente ele se comporta, no espaço público, como um muçulmano. No espaço privado, ele pode beber uísque e/ou cerveja, mas no espaço público é proibido.

Os muçulmanos não querem obedecer às leis nem os costumes dos países ocidentais, mas sim a lei da Shariah, baseada no Corão. Em Londres, por exemplo, os bairros de maioria muçulmana são regidos pelas leis da Shariah em aberto menosprezo pelas leis do Reino Unido. E o que é mais espantoso: os britânicos permitem tal aberração jurídica!

Os muçulmanos fazem marchas pregando a violência e a intolerância religiosa, com slogans do tipo: MORTE A TODOS OS INIMIGOS DO ISLAMISMO (entenda-se: todos os não-muçulmanos, especialmente judeus e cristãos). Mas os britânicos não os prendem por incitação ao crime!

Apesar de todos os atentados sangrentos praticados em nome de Allah, apesar de todos os atritos entre muçulmanos e ocidentais, Obama e Hillary continuam repetindo seu surrado refrão: “O Islamismo é uma religião pacífica”. Imagine só se não fosse…

Tal afirmação coloca-nos diante de um dilema destrutivo: Ambos, Obama e Hilary, nunca leram O Corão ou são refinados hipócritas. Eis algumas evidências desta religião intolerante e beligerante:

“Tu podes escravizar com finalidades de trabalho ou sexo”. Corão, 4.3. 4.24,33.50, 70, 29-30.3. [creio que isto é aplicável somente aos não-muçulmanos].

“Tu podes bater na sua mulher”. Corão, 4.34. [Lá não existe Lei Maria da Penha]

“Mates judeus e cristãos, se eles não se converterem, nem pagarem a jizya”. Corão,9.29. ( A jizya é uma taxa cobrada de não-muçulmanos) [ou seja: conversão, pagamento da jyzia ou morte dos infiéis].

“Crucifique e faça amputações nos não-muçulmanos”. Corão, 8.12, 47.4. [ Estão portanto justificadas pelo Corão, as práticas do Daesh e/ou Estado Islâmico].

“Matarás não-muçulmanos e receberás 72 virgens no Jardim de Allah”. 9.111. [Jardim de Allah é o nome do Jardim do Édem muçulmano].

“Tu deves matar qualquer um que renunciar ao islamismo. Corão. 2.217, 4. 89. [Lembremos que o Ayatolá Khomeini lançou uma Fatwa (condenação à morte) ao escritor Salmon Rushdie, um ex-muçulmano, autor de Versos Satânicos. O Ayatolah podia excomungá-lo, mas pediu aos fiéis sua morte!].

“Tu degolarás não-muçulmanos”. Corão, 8.12, 47.4. [Como vimos, O Daesh cumpre à risca O Corão].

“Tu matarás e morrerás por Allah”. Corão, 9.5 [Os unabombers são, portanto, mártires do Islã e têm direito a 72 virgens no Jardim de Allah].

“Tu praticarás atos de terrorismo contra não-muçulmanos”. Corão, 8.12. 8.60.

“Minta, se for para favorecer o Islã”. Corão,3.54, 9.3. [Com isto, O Corão antecipou a máxima sintetizadora do maquiavelismo: “Os fins justificam os meios”].

Lendo com atenção as passagens corânicas acima, podemos inferir que há ao menos dois tipos de muçulmano: o Muçulmano de família que, a exemplo do “católico de família”, é muçulmano, porque seus pais e avós eram muçulmanos, mas não segue à risca os mandamentos do Corão e o muçulmano fundamentalista, que segue à risca os mandamentos do Corão e que, por isto mesmo, mata, rouba e mente em nome de Allah. O primeiro tipo de muçulmano pode ser pacífico, mas o segundo não pode ser, para que ele não contradiga o Corão.

Estima-se que existem um bilhão e duzentos mil muçulmanos no mundo. Destes, apenas 20% são terroristas, ou seja: duzentos e quarenta milhões de terroristas dispostos a matar e morrer por Allah. Este é um número maior do que o da população do Brasil!

Comparando agora a moral implícita na religião cristã e na religião islâmica, podemos dizer, em termos kantianos, que esta última não é universalizável, ou seja: não se aplica a todo ser humano, sem exceções, mas sim unicamente aos seguidores de Maomé.

Desse modo, ela se assemelha ao código de honra da máfia: a Ommertà, em que um mafioso pode matar, roubar e enganar todos os não-mafiosos, mas não um membro da famiglia do Capo.



sexta-feira, 23 de setembro de 2016

SETEMBRO AMARELO


Geralmente as tragédias são alarmantes e agitadas. Nos comovemos com imagens de guerras onde inocentes morrem em batalhas estúpidas e ataques terroristas como o de Paris.. Ou cenas de tragédias naturais como o recente terremoto no centro da península Itálica.

O interessante é que a maior de todas as tragédias é silenciosa e quase imperceptível.

A maior de todas as tragédias humanas absolutos é o suicídio, fenômeno social que pode acontecer, às vezes, na casa ao lado, sem que nada se perceba.

Segundo estatísticas da OMS (Organização Mundial da Saúde), órgão da ONU, ocorrem cerca de 1 milhão de suicídio por ano no mundo constituindo-se, em números absolutos, na maior de todas as tragédias. Isso representa um crescimento de 60% nos últimos 40 anos.

Só para efeito de comparação, na guerra da Síria que já dura quatro anos morreram, até agora, cerca de 250 mil pessoas.

E o número é avassalador se pensarmos que, em média, para cada um suicídio ocorram 20 tentativas que não resultam em óbito, mas que, por vezes, deixam sequelas permanentes.

No Brasil, estima-se que cerca de 32 pessoas por dia cometam suicídio, sendo de 3 a 4 pessoas no Rio Grande do Sul.

Aliás, o estado do Rio Grande do Sul é onde, proporcionalmente, mais ocorrem suicídios e Porto Alegre é a triste campeã entre todas as capitais brasileiras, destacando-se ainda, cidades como Venâncio Aires, Lajeado, Santa Rosa, Vacaria, São Borja, Candelária, Uruguaiana, Passo Fundo e Sapiranga.

São números desconhecidos pela maioria da população.

O enforcamento ainda é a forma mais usual, mas é grande o número de suicídios por arma de fogo e, entre as mulheres, envenenamento e quedas de grande altura.

Alguns lugares tornaram-se míticos, como a Ponte Golden Gate, m San Francisco, nos Estados Unidos, ou o Bosque do silêncio no Japão.

Por aqui destaca-se a morte sobre os trilhos do Trensurb.

Os homens se matam mais que as mulheres numa proporção de 3 suicídios masculinos por um feminino, mas, entre a população jovem, de 15 a 29 anos, cresceu muito o suicídio entre as meninas levando a proporção de 3 para 2.

Aliás, entre os jovens, o suicídio é a segunda maior causa de mortes, sendo entre a população feminina nessa faixa etária, a primeira.

A relação econômica é plausível pois 75% dessas mortes ocorrem em países pobres, sendo que apenas 20 países no mundo, possuem algum tipo de política de prevenção.

Nesse ritmo temos que aceitar a projeção sinistra de 1,5 milhão de suicídios/ano a partir de 2020.

As causas são múltiplas e geralmente relacionadas entre si.

A maioria das vítimas tinham algum tipo de transtorno mental (depressão e bipolaridade) e há indícios de esquizofrenia e paranoia entre seus agentes.

Outros fatores, entretanto, agravam o problema.

Uso abusivo de drogas, incluindo o álcool, sentimento de rejeição, dificuldade para processar as decepções, bullings e isolamento, entre eles.

Objetivando chamar a atenção das populações para o fenômeno, a OMS criou em 2014 o “Setembro Amarelo” e desde então esse mês tem sido um marco de reflexão e planejamento de ações sobre o assunto, sendo o dia 10 de setembro o dia mundial de prevenção ao suicídio.

E nós podemos e devemos participar desse esforço mundial.

Nossa sociedade industrial força uma vida acelerada das pessoas como se elas fossem, continuamente, peças de uma mecanismo maior e autômato. Vive-se com pressa de tudo. Fala-se muito e ouve-se pouco.

Ouvir o outro é o exercício primeiro de uma postura mais humana e fraterna. Substituir a avalanche de argumentos lógicos por uma estratégia de ouvinte realmente interessado em aliviar a dor alheia.

Reza a lenda que quem muito fala que vai se matar não se mata. Mas isso é apenas lenda. O potencial suicida, segundo relatos médicos, busca ajuda de formas, muitas vezes, imperceptíveis em busca de um ombro amigo.

O desinteresse ou não ser levado a sério reforça a sensação de despertencimento do potencial suicida.

Ouvir os outros pode salvar vidas e combater a solidão, respeitando os sentimentos de cada um, uma obrigação de todos.



Prof. Péricles




quarta-feira, 21 de setembro de 2016

O BRASIL E O PERIGOSO JOGO DA HISTÓRIA

Por Mauro Santayana


Embora muita gente não o veja assim, o afastamento definitivo de Dilma Roussef da Presidência da República, em votação do Senado, por 61 a 20 votos, no final de agosto, é apenas mais uma etapa de um processo e de um embate muito mais sofisticado e complexo, em que está em jogo o controle do país nos próximos anos.

Desde que chegou ao poder, em 2003, o PT conseguiu a extraordinária proeza de fazer tudo errado, fazendo, ao mesmo tempo, paradoxalmente, quase tudo certo.

Livrou o país da dependência externa, pagando a dívida com o FMI, e acumulando 370 bilhões de dólares em reservas internacionais, que transformaram nosso país, de uma nação que passava o penico quando por aqui chegavam missões do Fundo Monetário Internacional, no que é, hoje - procurem por mayor treasuries holders no Google - o quarto maior credor individual externo dos Estados Unidos.

E o fez, ao contrário do que dizem críticos mendazes, sem aumentar a dívida pública.

A Bruta, em 2002, era de 80% e hoje não chega a 70%. A Líquida era, em 2002, de aproximadamente 60% e hoje está por volta de 35%.

Mas isso não veio ao caso.

Ajudou a criar milhões de empregos, fez milhões de casas populares, criou o Pronatec, o Ciências Sem Fronteiras e o FIES, fez dezenas de universidades e escolas técnicas federais e promoveu extraordinários avanços sociais.

Mas isso não veio ao caso.

Voltou a produzir e a construir, depois de décadas de estagnação e inatividade, navios, ferrovias - vide aí a Norte-Sul, que já chegou a Anápolis - gigantescas usinas hidrelétricas (Belo Monte é a terceira maior do mundo) plataformas e refinarias de petróleo, mísseis ar-ar e de saturação, tanques, belonaves, submarinos, rifles de assalto, multiplicou o valor do salário mínimo e da renda per capita em dólares.

Mas isso não veio ao caso.

Porque o Partido dos Trabalhadores foi extraordinariamente incompetente em explicar, para a opinião pública, o que fez ou o que estava fazendo.

Se tinha um projeto para o país, e que medidas faziam, coordenadamente, na economia, nas relações exteriores, na infraestrutura e na defesa, parte desse projeto.

Em vez de "bandeiras" nacionais, como a do fortalecimento do país no embate geopolítico com outras nações, que poderiam ter "amarrado" e explicado a criação do BRICS, os investimentos da Petrobras no pré-sal, a política para a África e a América Latina do BNDES, o rearmamento das Forças Armadas, os investimentos em educação e cultura, em um mesmo discurso, o PT limitou-se a investir em conceitos superficiais e taticamente frágeis, como, indiretamente, o do mero crescimento econômico, fachada para as obras do PAC.

Na comunicação, o PT confiou mais na empatia do que na informação. Mais na intuição, do que no planejamento.

Chamou, para estabelecer sua linha de comunicação, "marqueteiros" sem nenhuma afinidade com as causas defendidas pelo partido, e sem maior motivação do que a de acumular fortunas, que se dedicaram a produzir mensagens açucaradas, estabelecidas segundo uma estratégia eventual, superficial, voltadas não para um esforço permanente de fortalecimento institucional da legenda e de seu suposto projeto de nação, mas apenas para alcançar resultados eleitorais sazonais.

O Partido dos Trabalhadores teve mais de uma década para explicar, didaticamente, à população, as vantagens da Democracia, seus defeitos e qualidades, e sua relação de custo-benefício para os povos e as nações.

Não o fez.

Teve o mesmo tempo para estabelecer, institucionalmente, uma linha de comunicação, que explicasse, primeiro, a que tinha vindo, e os avanços e conquistas que estava obtendo para o país.

Como, por exemplo, a multiplicação do PIB em mais de quatro vezes, em dólar, desde o governo FHC - trágicos oito anos em que, segundo o Banco Mundial, o PIB e a renda per capita em dólares andaram para trás - que foram simplesmente ignorados.

Poderia ter divulgado, também, os 79 bilhões de dólares de Investimento Estrangeiro Direto dos últimos 12 meses, ou o aumento do superavit no comércio exterior, ou o fato de o real ter sido a moeda que mais se valorizou este ano no mundo, ou o crescimento da valorização do Bovespa desde o início de 2016, como exemplos de que o diabo não estava tão feio quanto parecia.

Mas também não o fez.

Sequer em seu discurso de defesa ao Senado - que deveria ter sido usado também para fazer uma análise do legado do PT para o país - Dilma Roussef tocou nestes números, para negar a situação de descalabro nacional imputada de forma permanente ao Partido dos Trabalhadores pela oposição, os internautas de direita e parte da mídia mais manipuladora e venal.

O partido e suas lideranças foram reiteradamente advertidos de que ocorreria no Brasil o que aconteceu no Paraguai com Lugo - a presença aqui da mesma embaixadora norte-americana do golpe paraguaio era claramente indicativa disso.

De nada adiantou.

De que era preciso estabelecer uma defesa competente do governo e de seu projeto de país na internet - cujos principais portais foram desde 2013 praticamente abandonados à direita e à extrema-direita enquanto a esquerda, sem energia para se mobilizar, se recolhia ao monólogo, à vitimização e à lamentação vazia em grupos fechados e páginas do Facebook.

De nada adiantou.

Não se deu combate às excrescências que sobraram do governo Fernando Henrique, justamente no campo da corrupção, com a investigação de uma infinidade de escândalos anteriores, que poderia ter levado à cadeia bandidos antigos como os envolvidos agora, por indicação também de outros partidos, nos problemas da Petrobras.

E erros táticos imperdoáveis - não é possível que personagens como Dilma e Lindbergh continuem defendendo a Operação Lava-Jato, de público, em pleno julgamento do impeachment, quando essa operação parcial e seletiva foi justamente o principal fator na derrubada da Presidente da República.

Sob o mote de um republicanismo "inclusivo", mas cego, criou-se um vasto ofidário, mostrando, mais uma vez, que o inferno - o próprio, não o dos outros - pode estar cheio de boas intenções.

Desse processo, nasceram uma nova classe média e uma plutocracia egoístas, conservadoras e "meritocráticas", paridas no bojo da expansão econômica e do "aperfeiçoamento" administrativo, rapidamente entregues, devido à incompetência estratégica à qual nos referimos antes, de mão beijada, para adoção institucional pela direita.

Como consequência disso, há, hoje, uma batalha jurídica que está sendo travada, principalmente, no âmbito do Congresso Nacional, voltada para a aprovação de leis fascistas - disfarçadas, como sempre ocorre, historicamente, sob a bandeira da anti-corrupção, que, com a desculpa de combater a impunidade - em um país em que dezenas de milhares de presos, em alguns estados, a maioria deles, se encontra detido em condições animalescas sem julgamento ou acesso a advogado - pretende alterar a legislação e o código penal para restringir o direito à ampla defesa consubstanciado na Constituição, no sentido de se permitir a admissibilidade de provas ilícitas, de se restringir a possibilidade de se recorrer em liberdade, e de conspurcar os sagrados e civilizados princípios de que o ônus da prova cabe a quem está acusando e de que todo ser humano será considerado inocente até que seja efetiva e inequivocamente provada a sua culpa.

Batalha voltada, também, para expandir o poder corporativo dessa mesma plutocracia e seus muitos privilégios.

Enquanto isso, aguerrida, organizada, fartamente financiada por fontes brasileiras e do exterior, a direita - "apolítica", "apartidiária", fascista, violenta, hipócrita - deu, desde o início do processo de derrubada do PT do governo, um "show" de mobilização.

Colocou milhões de pessoas nas ruas.

E estabeleceu seu domínio sobre os espaços de comentários dos grandes portais e redes sociais - a imensa maioria das notícias já eram, desde 2013 pelo menos, contra o governo do PT, em um verdadeiro massacre midiático promovido pelos grandes órgãos de comunicação privados - estabelecendo uma espécie de discurso único que, embora baseado em premissas e paradigmas absolutamente falsos, se impôs como sagrada verdade para boa parte da população.

Entre as principais lições dos últimos anos, vai ficar a de que a História é um perigoso jogo que não permite a presença de amadores.





Texto original de Mauro Santayana, também reproduzido no Blog do meu amigo, Prof. Carlos.